quarta-feira, 19 de agosto de 2020

O DIA DO HISTORIADOR E A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO


Eu vou começar meu texto com uma confissão: eu tenho dificuldade em me assumir como historiadora. Isso acontece porque eu vejo na declaração "sou historiadora" um compromisso muito grande. Acho isso assustador porque é uma responsabilidade muito grande.

Agora com a lei que regulamenta e reconhece à profissão do Historiador, essa responsabilidade se torna ainda maior. Não é questão de eu me sentir confortável ou não. Mesmo que eu não me apresente como tal, eu sou.  Não é que eu tenha vergonha. Foi uma opção que eu fiz bem cedo na minha vida (depois que descobri que seria meio complicado ser astronauta) e algo que eu abracei com muita força.

Eu nunca me vi apenas como a professora que planeja suas aulas diárias e depois se desliga do trabalho e vai cumprir suas obrigações familiares e/ou sociais. Também nunca consegui separar a docência da pesquisa e, mesmo antes do mestrado, eu comecei a trilhar o caminho da pesquisa. Foram muitos fins de semana e feriados debruçada em livros e pesquisando arquivos. E ninguém nunca me mandou fazer isso, fiz porque quis, por vocação. Talvez por isso eu não me importe muito com títulos. Não me importo em ser chamada de mestra ou de doutora.

O que não significa que a conquista e o presente que tivemos esta semana, com a aprovação da lei que regulamenta a profissão não tenha aquecido meu coração. Quem não gosta lá no íntimo de ser reconhecido? Sempre me incomodou a forma como as pessoas usavam levianamente a palavra “historiador” para se autodesignar, porque ser historiador é uma coisa tão séria quanto ser um médico. Não vejo as pessoas que não estudaram medicina saírem por aí dizendo que são médicos (salvos golpistas, claro). Agora temos uma definição legal da profissão. Então, falando de forma vem chula “é cada um no seu quadrado”.

Quem afinal pode ser considerado historiador? Segunda lei nº 14.038, DE 17 de agosto de 2020, pode exercer a profissão aqueles que tiverem diploma de curso superior, mestrado ou doutorado em História obtido em programa de pós-graduação reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com linha de pesquisa dedicada à história; e profissionais diplomados em outras áreas que comprovarem ter exercido a profissão por mais de cinco anos (notório saber).

O que faz um Historiador?

Profissionalmente, o historiador pode dar aula, fazer pesquisas, assumir serviços de documentação e informação histórica, cuidar da preservação de documentos, elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos, entre outras atribuições. E o mais importante de tudo, ele deverá ter registro profissional para exercer a função lei. Ou seja, se você não em o registro, não pode, por exemplo, fazer concursos para historiador em áreas técnicas do serviço público, tais como Tribunais e Arquivos. Também para lecionar a disciplina nas escolas de educação básica será exigida a formação específica na área.

 

E aí vem a pergunta de ouro: vale a pena ser historiador?

Eu diria que vale tanto quanto outra profissão, desde que ela possa te fazer sentir útil e valorado. Em termos práticos, vai ser muito importante principalmente para quem atua em áreas profissionais fora da universidade, garantindo que vagas em concursos e empregos deem prioridade aos portadores do registro. Uma boa notícia para quem está saindo das faculdades e para quem tem como uma das opções para a graduação o curso de história.

Clique aqui para ler o texto da lei em sua íntegra e conferir as informações que foram divulgadas aqui.

E para encerar esta breve publicação, “Feliz dia do Historiador”.

FONTES CONSULTADAS

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Porque vale a pena regulamentar a profissão de historiador (2015). Disponível em: < https://anpuh.org.br/index.php/2015-01-20-00-01-55/noticias2/noticias-destaque/item/454-porque-vale-a-pena-regulamentar-a-profissao-de-historiador>. Acesso em 19 de ago. 2020.

Lei nº 14.038, de 17 de agosto de 2020. disponível em: < https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.038-de-17-de-agosto-de-2020-272747785>. Acesso em 19 ago. 2020.

JÚNIOR, Janary. Lei que regulamenta profissão de historiador é publicada após derrubada de veto. Disponível em: < https://www.camara.leg.br/noticias/685095-lei-que-regulamenta-profissao-de-historiador-e-publicada-apos-derrubada-de-veto/>. Acesso em 19 ago. 2020.

 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

COMENTANDO O FILME "ALONG WITH THE GODS: THE TWO WORLDS" ( 신과 함께 - 인과 연)

 

Até ano passado eu não havia assisto a filmes sul coreanos, eu confeço.  Mas depois de "Parasita", eu passei a buscar novas opções dentro da Korean Wave (Onda Coreana), incluindo aí cinema e quadrinhos. Esta semana, eu me deparei com o filme  "Along with the Gods: The Two Worlds" (신과 함께 - 인과 연), uma ficção/fantasia lançada nos cimenas no final de 2017, baseada em um webtoon de grande sucesso. 

Webtoon, explicando aqui  rapidamente, é um manhwa (nome dado à shistórias em quadrinhos sul coreanas) que sai em capítulos periódicos na internet, e que é acessado principalmente por smartphones pelos usuários das plataformas  nas quais elas são publicadas.

De leitura rápida, os webtoons são uma febre na Coreia do Sul  e há de todos os tipos, para todos os púbicos. Muitos, devido ao sucesso, são impressos em papel e vendem horrores. O boom dos webtoons, na primeira década do século XXI, se deveu tanto ao uso e aumento do consumo de smartphones, quando à crescente procura por snack culture (formas rápidas de diversão, que podem ser consumidas em poucos minutos).

Nos últimos 10 anos esses manhwas vêm sendo adptados com cada vez maios frequência para a televisão, na forma de k-dramas e houve ainda adaptações pra cinema. É o caso de  "Along with the Gods: The Two Worlds".

Eu caí neste filme por puro acaso e de forma inusitada. Eu estava lendo um artigo ciêntifico sobre webtoons, "Snack Culture’s Dream of Big-Screen Culture: Korean Webtoons’ Transmedia Storytelling", de Dal Yong Jin, da Simon Fraser University (Canadá). O pesquisador usa, justamente, "Along with the Gods: The Two Worlds" como estudo. Aí não teve jeito eu tive que procurar e assistir.


A narrativa gira em torno da seguinte trama: um bombeiro morre salvando a vida de uma criança e é considerado uma alma modelo. Por isso, ele vai ter a oportunidade de reencarnar em 49 dias. No entanto, ele deve passar por sete infernos e ser julgado por sete deuses para conseguir ser premiado com a reencarnação rápida. Ele é acompanhado por  três guardiões (algo como anjos da morte), que devem fazer o papel de seus defensores durante os sete julgamentos. Só que a coisa não é tão simples quanto parece e aí o expectador se vê envolvido numa trama frenética e viciente, como tremendos efeitos especiais, cenas comoventes e um desfecho impressionante. É tudo o que eu posso dizer, sem spoilers.

Ah, claro, filme com ótimos atores, ótima cenografira, uma direção excelente e que, imagino, deva ter sido um expetáculo de assistir numa sala de cinema. Eu super recomendo. Aliás, vou até cruzar os dedos para que alguma alma iluminada publique os quadrinhos aqui no Brasil. Até porque quero conferir se o manhwa é tão bom sua adaptação.

Clique aqui para dar uma conferida na ficha técnica completa do filme. 


PS: Há uma sequência do filme, Along With the Gods, The Last 49 Days (2018), que também é muito boa. Recomendo.

sábado, 1 de agosto de 2020

LANÇAMENTO DO LIVRO "GÊNERO, SEXUALIDADE & FEMINISMO NOS QUADRINHOS"


Live do dia 02 de agosto, com o lançamento do livro "Gênero, Sexualidade & Feminismo nos Quadrinhos", organizado por Amaro Xavier Braga Jr e por mim, um projeto que já vem rolando há uns bons dois anos.  O lançamento foi realizado no canal do Rapha Pinheiro, pesquisador e quadrinista, responsável pela linda capa do livro. Para acessar o canal e assistir à  gravação da live, clique aqui!

Agradecemos a todos os autores/pesquisadores, brasileiros e estrangeiros que contribuíram para a obra, assim como os colegas que ajudaram na edição, especialmente Iuri Andreas Reblin e Attila Piovesan.

O link para o livro já está disponível, clicando aqui!