domingo, 24 de fevereiro de 2019

LANÇAMENTO DE DOCUMENTÁRIO DURANTE A FESTA DO IMIGRANTE ITALIANO EM LEOPOLDINA

Na última sexta foi lançado na Centro Cultural Mauro de Almeida  Pereira o Documentário "Imigrantes Italianos - a trajetória dos colonos que viveram em Leopoldina". A produção do documentário foi iniciativa do Jornal Leopoldinense. O evento fez parte das comemorações da festa do imigrante, que se encerrou hoje, com uma caminhada até Tebas, distrito de Leopoldina, saindo da Igreja da Onça, na antiga Colônia Constança.

Eu assisti ao documentário no dia da sua estreia e fiquei encantada tanto pela qualidade da produção quanto pelo conteúdo. É um material excelente para ser trabalhado em sala de aula, pois não apenas faz uma apanhado geral sobre a questão imigratória no Brasil como, também, narra uma parte importante da História de Leopoldina. O documentário, com a duração de 46 minutos está disponível no youtube. 


SINOPSE:
O historiador e genealogista José Luiz Machado Rodrigues (Luja), fala sobre os resultados dos estudos realizados em conjunto com Nilza Cantoni, explicando detalhes sobre a chegada dos imigrantes no Brasil e no município de Leopoldina, onde foi formada a Colônia Agrícola da Constança.
Nestes primeiros episódios, o entrevistado relata como ocorreu a imigração, demonstrando a trajetória que os colonos tiveram até chegar em Leopoldina. Também são esclarecidos detalhes de locais onde funcionaram instituições, fazendas, colônias, lotes, entre outros. FICHA TÉCNICA:
ACIL - Associação Comercial de Leopoldina
Produção: Jornal Leopoldinense Pesquisa: Nilza Cantoni e José Luiz Machado Rodrigues Diretor: Luiz Otávio Meneghite Filmagem e edição: João Gabriel Baía Meneghite Revisão: Luciano Baía Meneghite Publicidade: Sérgio Barbosa França PATROCÍNIO: Energisa Hotel Minas Tower Semar Assessoria Contábil Colégio Equipe
www.cantoni.pro.br
Fonte Supermercados APOIO CULTURAL:
Secretaria Municipal de Cultura de Leopoldina

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

ARTIGO SOBRE MULHERES E QUADRINHOS NA FRANÇA


Já estão disponíveis os anais das 5ªs Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos da USP, de 2018. Eu tenho um artigo lá, que é parte da minha pesquisa de doutorado. Quem quiser dar uma olhada nos anais é só clicar aqui!

Segue o título e o resumo do meu trabalho:

A PRESENÇA FEMININA NOS QUADRINHOS FRANCESES NOS ANOS 1970 - Natania Aparecida da Silva Nogueira
Esta comunicação busca analisar a participação feminina no mercado de quadrinhos francês na década 1970, concomitante à chamada “segunda onda” do feminismo, que tem início nos anos 1960 e se estende até a década de 1980. As mulheres protestavam contra sua invisibilização. Queriam maior acesso à universidade, que o valor do seu trabalho fosse reconhecido e equiparado ao dos homens. Não queriam mais permanecer confinadas ao ambiente doméstico nem ter como única missão a maternidade. Neste contexto, um grupo de mulheres colocou no papel a sua experiência vivida de forma independente discutindo a arte, a política e a sociedade de sua época. Estas mulheres, tais como Olivia Clavel e Chantal Montellier, passaram a integrar grupos criativos e a ser convidadas a contribuir com várias publicações, dentre elas as revistas em quadrinhos, conquistando alguma visibilidade em um campo dominado pelos homens. Estabelecido isso, entendemos que as histórias em quadrinhos devam ser estudadas como “tecnologias do gênero”, seguindo o conceito criado por Teresa de Lauretis para quem o gênero é um produto de várias tecnologias que formam discursos que se apoiam em instituições como o Estado, a família e a escola. Por possuírem e disseminarem discursos, os quadrinhos podem ser considerados uma tecnologia de gênero e uma fonte rica para se estudar a História das Mulheres.

Palavras-chave: História das Mulheres; Histórias em Quadrinhos; Gênero.

Quem quiser dar uma conferida no meu artigo, clique aqui.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

UMA HISTÓRIA DAS MULHERES E DA ARTE POR MEIO DOS QUADRINHOS

Capa da HQ de Aline Lemos "Artistas Brasileiras" (2018), pela editora Miguilim.
Lançada em 2018, a HQ "Artistas Brasileiras" de Aline Lemos apresenta ao público geral um seleção de 30 mulheres que se destacaram no campo artístico, de várias regiões do país. Um projeto que busca tirar das sombras mulheres talentosas cuja existência ou foi obscurecida pela história, ou mesmo esquecida ao longo dos anos. 

Já no início da HQ, numa introdução quadrinizada, a autora tem o cuidado de  esclarecer que existem outras mulheres, tão interessantes quanto as que ela selecionou para a HQ, e que objetivo da obra "não é apresentar todas ou as melhores artistas" mas mostrar diversidade de mulheres que produziram arte no nosso país.
Quadrinho sobre Tarsila do Amaral.
A obra coloca as mulheres dentro da história da arte e mostra que, mesmo com todas as dificuldades impostas pela sociedade, elas conseguiram deixar sua marca. Entretanto, suas marcas foram aos poucos desaparecendo e é necessário reavivá-las. Este é  um dos méritos da HQ de Alice Lemos, o de fazer um exercício de memória. 

A jovem autora nos lembra ainda que as mulheres são talentosas e não excepcionais. E qual seria a diferença?

Tirinha onde a autora usa
a artista plástica Zina Aída
para criticar o machismo
presente na sociedade.
Durante muito tempo a História nos apresentou as mulheres que se destacaram (e cuja presença não podia ser ocultada) em alguma área dominada pelo homens como excepcionais. Elas eram casos raros, únicos. O talento dessas mulheres era, portanto, uma anomalia, que não poderia servir de base para se julgar outras mulheres. 

Mas na HQ  "Artistas Brasileiras" a intenção da autora é demonstrar que havia, e há entre nós, mulheres talentosas cuja obra não é resultado apenas de uma excepcionalidade, mas de muito trabalho, dedicação, estudo e talento. 

A HQ não coloca as mulheres como sendo melhores que os homens, mas tão talentosas e capazes quanto eles, com as mesmas capacidades e habilidades criativas. O mesmo talento que se encontra em um homem e que pode ser encontrado, também, em uma mulher. 

Do ponto de vista didático, a narrativa é muito bem construída e a obra pode fornecer a professores de história e artes material para trabalhar História da Arte no Brasil de uma forma leve e divertida. As biografias das autoras curta, chegando ao máximo a 3 páginas e são acompanhadas de tiras irônicas e divertidas. A autora expõe e debocha de preconceitos machistas usando de ironia e  muito humor.


Nestes quadrinhos a autora reúne quatro personagens: Anital Malfatti, Fédora do Rego, Georgina de Albuquerque e Tarsila do Amaral.
Aline Lemos, em muitos momentos, lembra o estilo de narrativa da quadrinista sueca Liv Strömquist, que publicou no Brasil a HQ "A origem do mundo: uma história da vagina ou a vulva vs. o patriarcado" (clique aqui para conferir uma matéria sobre esta obra). 

Um quadrinho recomendado para pessoas de todas as idades e indicado para professores que procuram por um material rico e criativo sobre história da arte. Vale ainda acrescentar que a autora fez uma ampla pesquisa bibliográfica, cujas fontes estão disponíveis no livro.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

VOCÊ CONHECE O PALMITO DE BANANEIRA?

Imagem disponível em: Receita de Palmito da Bananeira. Disponível em: <https://jupagoblog.wordpress.com/2016/04/18/receita-de-palmito-da-bananeira/>. Acesso em 10 fev. 2019.

Passei o o domingo no sítio de amigos e aprendi uma coisa nova: como extrair o palmito de bananeira (que eu nem sabia que existia). Gravei um vídeo para quem tiver interesse em conhecer, que vai ficar no final da postagem. Fiz ainda uma pequena pesquisada sobre esse alimento. Vejam o que eu descobri.

O palmito da Bananeira é muito consumido na Ásia e é uma ótima fonte de fibras, potássio e B6. Com relação a tratamento de doenças, ele serve para prevenir o acumulo de oxalato que gera as pedras no rim e é usado como remédio para gastrites e úlceras e para reduzir açucares no sangue. No Brasil ele praticamente desconhecido. 
Para o preparo é preciso alguns cuidados, começando com a escolha do pé de banana. O palmito deve ser extraído após a retirada do cacho de banana, uma vez que ele só se forma depois do cacho, justamente quando o pé de banana precisa ser cortado.  

Depois de extraído (veja no vídeo como se faz) ele deve ser colocado em um vidro com água, limão e sal, picado pedaços menores ou rodelas. Ele deve ficar nessa solução por pelo menos 8 horas antes de ser consumido. Se for congelado ele adquiri outra textura, muito parecida com a carne de frango.
Outra receita aconselha a ferver o palmito por 3 vezes para tirar seu gosto amargo, usando duas colheres de vinagre a cada litro de água nas duas primeiras fervuras. A cada troca de água, ferver por 5 minutos. Após esse processo, o palmito dever ser conservado água com vinagre ou limão com sal, na geladeira. 
O palmito de bananeira pode ser preparado refogado, de forma simples, ou substituindo o palmito tradicional em receitas como moqueca de palmito com banana da terra ou de palmito com frango. Aí fica por conta da criatividade de quem vai preparar. 

Fica a dica para quem desperdiça essa iguaria, quando corta a bananeira e descarta seu tronco.

Fontes consultadas:

Receita de Palmito da Bananeira. Disponível em: <https://jupagoblog.wordpress.com/2016/04/18/receita-de-palmito-da-bananeira/>. Acesso em 10 fev. 2019.

Palmito de bananeira. Disponível em: http://milreceitas.blogspot.com/2016/10/palmito-de-bananeira.html. Acesso em 10 fev. 2019.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

JOSÉ DOS SANTOS GARCÊS E AS CABINES DE ARTE

Biblioteca e Bedeteca de Amadora
Uma vez por ano, desde 2016, vou à cidade de Amadora, em Portugal, para visitar a Bedeteca, equivalente à nossa Gibiteca, que fica localizada no segundo andar do prédio onde se encontra a Biblioteca de Amadora. A Bedeteca um espaço maravilhoso, com um acervo rico e diversificado, tanto de quadrinhos quanto de originais doados por artistas. 
Capa do guia da exposição.
Além de quadrinhos e obras de referência  sempre é possível encontrar uma bela exposição de quadrinhos, tanto de autores estrangeiros quanto de autores portugueses. Este ano, por exemplo, eu visitei a exposição "Parabéns Garcês", em homenagem aos noventa anos do quadrinista lusitano José dos Santos Garcês, a partir de originais doados pelo autor.  
A Lenda dos Montes Pálidos (1952),
por José dos Santos Garcês.
Nascido em 1928, José dos Santos Garcês frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde fez o curso de Artes Gráficas e começou sua carreira nos quadrinhos em  1946 no jornal infanto-juvenil O Mosquito. Para esse periódico o quadrinista produziu o "O Inferno Verde", a sua primeira HQ aos dezoito anos, tendo posteriormente colaborado com outras publicações, voltadas para o público infanto-juvenil. Produziu uma imensa obra durante sua carreira, com destaque a quadrinhos históricos e de aventura, numa de mais de carreira de 70 anos.
Inscrição feita no muro em frente à Bedeteca de Amadora chama atenção para a importância da Leitura.

O espaço da Bedeteca de Amadora permite que se realizem exposições durante o ano, o que fortalece tanto a instituição quanto a divulgação do trabalho de artistas, algo que pode e deve ser replicado aqui no Brasil. Sempre há algo novo e interessante a ser descoberto naquele amplo espaço para leitura, que valoriza não apenas os livros mas, também, os quadrinhos. Não é a toa  que Amadora se deu o título de "cidade dos quadrinhos.

Cabines de arte.
Em 2017 eu tive a oportunidade de conhecer o projeto das cabines de leitura. São cabines de telefone desativadas que foram transformadas em pequenas bibliotecas onde as pessoas pegam livros para ler e fazem doações.
Cabines de arte.

Este ano eu me deparei com as "cabines de arte", que são cabines telefônicas transformadas em expressão artística. Projeto encantador que me remeteu a duas coisas, à arte do grafite e do fanzine. Eu observava as cabines, por exemplo, e via um fazine nelas, com textos poéticos e imagens que se harmonizavam.
Cabines de arte.

Algo que também pode ser pensado para o Brasil, talvez não com cabines, que não fazem parte da nossa cultura, mas com armários, geladeiras e outro tipo objeto que por ventura tenha sido descartado mas que pode ser transformado em uma obra de arte ou num pequeno espaço de propagação da cultura.


domingo, 3 de fevereiro de 2019

VISITANDO AS EXPOSIÇÕES DA THE INK LINK, NO 46º FIBD DE ANGOULÊME

Entrada da exposição.
Um dos momentos que mais me marcou durante o 46º Festival Internacional de Bande  Dessinée de Angoulême foi poder visitar o espaço reservado à The Ink Link, uma associação formada por cartunistas engajada em causas sociais. Eu tive conhecimento sobre a criação do The Ink Link durante o 44º FIBD, em 2017. Na época entrei em contato com uma das fundadoras, Laure Garancher, para tentar saber o que eu poderia fazer para ajudar e para conhecer mais sobre o trabalho do grupo.

Laure Garancher autografando
sua HQ "Ópium" para mim!
Virei fã da The Ink Link e da própria Laure Garancher, que é uma inspiração para mim. Eu não sou do tipo que congela perto de outras pessoas, mas este ano eu fiquei tão emocionada de poder conhecê-la pessoalmente que eu simplesmente não conseguia falar! Quem me conhece sabe que eu dou sempre um jeito de me comunicar. Mas bateu aquela vergonha de falar algo errado ou falar besteira. Mas tudo bem, faz parte! Afinal, eu estava no FIBD e todo mundo ali, até jornalistas experientes, tiveram seus momentos de tietagem.

Meu autógrafo!
Acho o máximo à forma como a The Ink Link usa os quadrinhos para instruir e educar, divulgando conhecimento, denunciando situações de risco para pessoas e para o próprio planeta. Eles assumem a função de combater a desinformação e defender a preservação da vida, da dignidade humana e do meio ambiente.

Em Angoulême as exposições da The Ink Link ficaram instaladas na Maison des Peuples e de La paix. Foram três, sendo que a principal delas foi baseada no belíssimo trabalho da quadrinista Aurélie Neyret, e recebeu o título de “Hila, naître en Afghanistan: le cotidien d’une martenité em bande dessineé”. A exposição retrata o cotidiano de uma grande maternidade no Afeganistão.  
Exposição “Hila, naître en 
Afghanistan: le cotidien d’une 
martenité em bande dessineé” 

A cartunista, que é membro da The Ink Link, acompanhou várias mulheres nos momentos finais de suas gestações numa das maternidades mais movimentadas do mundo, em Khost, onde nascem diariamente cerca de 60 crianças. Neyret registrou, durante 9 dias, o dia a dia de médicos e de mulheres que estavam nos seus momentos finais de gestação. Um trabalho belíssimo que nos aproxima de realidades tão distantes como a das mulheres muçulmanas. O trabalho foi feito em parceria com a organização Médicos Sem Fronteira. 
Exposição “Hila, naître en  Afghanistan: le cotidien d’une martenité em bande dessineé”
Não foi a exposição mais bonita ou mais sofisticada que visitei durante o FIBD, mas foi a mais carregada de significados. É tão bom ver pessoas fazendo coisas boas, sem interesse financeiro envolvido. Dá esperança para quem todo dia está sendo bombardeado de notícias ruins ou ouvindo pessoas falando coisas ruins e desprezando aqueles que estão dispostos a lutar por justiça e um mundo melhor para todos.

A HQ que deu origem à exposição pode ser acessada gratuitamente, em pdf,  clicando aqui. Quem tiver curiosidade de saber um pouco mais sobre o trabalho, pode assistir um vídeo criado para divulgar a HQ "Hila: Née en Afghanistan", com a participação da autora.