Eu li esta semana a História em Quadrinhos (HQ) "A origem do mundo: uma história da vagina ou a vulva vs. o patriarcado" (cujo título original é Kunskapens Frukt), da prestigiada autora sueca Liv Strömquist, publicado recentemente pelo grupo Cia das Letras. É o segundo quadrinho sueco a ser publicado no Brasil, o primeiro foi ano passado: "Alena", de Kim Andersson. Mas é a primeira HQ de uma autora sueca, é bom deixar isso em evidência.
A HQ fala sobre as formas de dominação impostas pelo patriarcado e questiona muitos tabus acerca do corpo e da sexualidade feminina. Ele se divide em três partes. Na primeira, fala sobre a forma como, durante a história do ocidente, notadamente, a vulva e as formas como o órgão sexual feminino foi perseguido. Na segunda parte, trata da prática da masturbação feminina, os mitos e o discurso médico acerca da sua prática. Por fim, a autora reserva espaço para falar da menstruação.
Adoraria dar mais detalhes, mas infelizmente corro o risco de estragar a surpresa do(a) leitor(a). Mas uma coisa eu posso adiantar: a HQ superou todas as minha expectativas. A leitura é fluida e instigante. A autora usa de ilustrações simples e da técnica da colagem para contar a uma história cultural das mulheres, ou melhor, da opressão sofrida pelas mulheres.
E a autora tem bagagem para isso. Liv Strömquist possui formação na área de Ciências sociais e realizou uma rígida pesquisa para compor sua obra, que inclusive é cheia de referências. Ela trata do tema com a propriedade de quem pesquisou sobre ele. É claro, há na HQ muito do ativismo da autora, que é declaradamente feminista. Mas , diferente do que acontece em outros países, ser feminista na Suécia é algo tão normal que o próprio governo se declarou o primeiro governo feminista do mundo.
E a autora tem bagagem para isso. Liv Strömquist possui formação na área de Ciências sociais e realizou uma rígida pesquisa para compor sua obra, que inclusive é cheia de referências. Ela trata do tema com a propriedade de quem pesquisou sobre ele. É claro, há na HQ muito do ativismo da autora, que é declaradamente feminista. Mas , diferente do que acontece em outros países, ser feminista na Suécia é algo tão normal que o próprio governo se declarou o primeiro governo feminista do mundo.
Sem querer me alongar muito, eu recomendo a leitura da HQ, especialmente para mulheres, não excluindo os homens, independentemente da idade. Se você tem uma filha, compre leia e dê a ela para ler depois e não seria nada mal se seu filho lesse, também. Se eu tivesse lido quando era mais jovens certamente teria feito uma grande diferença para mim.
Por fim, gostaria de deixar registrada minha alegria pela publicação desse álbum no Brasil, que nos últimos anos vêm sofrendo um retrocesso social muito grande, com aumento da violência contra as mulheres, da discriminação contra gays e mesmo a perseguição de militantes do movimento feminista, notadamente nas redes sociais. Espero que este álbum chegue às escolas sem que movimentos como a "escola sem partido" ou radicais religiosos criem problemas (meio difícil, mas não custa sonhar).
Eu vejo a publicação da História da "Origem do Mundo" como uma prova de que a chama lucidez ainda está presente na cena cultural brasileira e de que ainda há possibilidade de construirmos uma sociedade menos desigual, pelo menos no que diz respeito às relações de gênero.
Por fim, gostaria de deixar registrada minha alegria pela publicação desse álbum no Brasil, que nos últimos anos vêm sofrendo um retrocesso social muito grande, com aumento da violência contra as mulheres, da discriminação contra gays e mesmo a perseguição de militantes do movimento feminista, notadamente nas redes sociais. Espero que este álbum chegue às escolas sem que movimentos como a "escola sem partido" ou radicais religiosos criem problemas (meio difícil, mas não custa sonhar).
Eu vejo a publicação da História da "Origem do Mundo" como uma prova de que a chama lucidez ainda está presente na cena cultural brasileira e de que ainda há possibilidade de construirmos uma sociedade menos desigual, pelo menos no que diz respeito às relações de gênero.
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