A cartunista Trina Robbins é uma das mais renomadas artistas gráficas em
atividade nos Estados Unidos. Nascida em 1938, ela viveu sua infância e
juventude em plena “Era de Ouro dos Quadrinhos”. ´Na década de de 1950 atuava
junto à “science fiction fandom”. Foi uma das primeiras mulheres a participar e
influenciar o movimento dos quadrinhos underground[1]. Com uma carreira com
mais de meio século trabalhou em muitas editoras e suas ilustrações chegaram a
ser exibida em uma galeria de arte, em 2011.
Ficou conhecida por sua participação em histórias
de personagens famosas como Vampirella (1969), publicada pela Warren
Publishing, da qual foi coautora. Trina desenhou sua roupa e deu a ela parte de
suas características físicas, como o cabelo, por exemplo. Outra personagem que
passou por suas mãos foi a Mulher Maravilha (1986). Dessa personagem destaca
sua participação como desenhista em The Legend of Wonder Woman, escrito por
Kurt Busiek, série que prestou homenagem às raízes da Era de Ouro do
personagem. No final de 1990, Robbins colaborou ainda com Colleen Doran na
graphic novel Wonder Woman: The Once and Future Story, sobre o tema da
violência conjugal.
Como cartunista e feminista ajudou a promover a venda
de quadrinhos feitos por mulheres. Robbins foi um co-fundadora da “Friends of
Lulu”, uma organização sem fins lucrativos formada em 1994 para promover a
leitura de histórias em quadrinhos de mulheres e da participação das mulheres
na indústria dos quadrinhos.
Suas personagens são complexas e ela aborda temas que dizem respeito tanto a mulheres quanto a homens. Sua produção caracteriza-se, também, pelo engajamento social e político. Trina nunca teve receio de colocar em público suas opiniões. Chegou a criticar abertamente o machismo e a misoginia de cartunistas consagrados, como Robert Crumbe e Mike Deodato. Em 1993 lançou um livro que pode ser considerado um clássico.
Em sua trajetória profissional, Trina Robbins
trafegou por todos os ambientes artísticos, desde jornais feministas
clandestinos nos anos de 1970 até editoras de renome, como a DC Comics e a
Marvel Comics. A biografia dessa autora é extensa e seu trabalho foi
reconhecido com prêmios e menções honrosas que preencheriam várias páginas.
Mas o que queremos aqui é destacar a importância da
obra de não-ficção de Trina para a História das Mulheres nos quadrinhos. A
cartunista tem se dedicado há mais de três décadas a pesquisar a história das
mulheres que produziram quadrinhos nos Estados Unidos. Não apenas um
levantamento biográfico mas uma pesquisa ampla que envolve o resgate de
produções da “Era de Ouro” já há muito tempo esquecidas.
Este trabalho começou na década de 1980, quando
publicou, juntamente com Catherine Yronwode, Women And The Comics (1985).
Na década de 190, publicou A Century of Women Cartoonists (1993),
considerada uma obra clássica no gênero. A cartunista acabou se tornando uma
das mais conceituadas historiadora dos quadrinhos nos Estados Unidos,
especializando-se na participação e na obra de mulheres cartunistas.
A autora tem admiração especial pelas mulheres que
produziram quadrinhos durante a Era de Ouro. Entre as cartunistas sobre as
pesquisou temos June Tarpé Mills, a quem dedicou dois livros, um publicado em
2011, outro em 2013.
Como historiadora dos quadrinhos, Trina Robbins
pode ser classificada como uma pioneira na História das Mulheres nos Estados
Unidos. Infelizmente, o acesso à sua produção é limitado, uma vez que nenhuma
de suas obras de não-ficção foram ainda traduzidas para o português.
[1]
É o quadrinho subterrâneo, marginal, clandestino, paralelo . Representa uma
forma de resistência ou contestação a um poder mais forte. Eles representaram
nos anos de 1960 e 1970 uma forma de contra cultura.
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