terça-feira, 4 de março de 2025

CONHECENDO O CASTELO DE CHANTILLY, NA FRANÇA

Château de Chantilly, 27 de janeiro de 2025.

Um dos passeio que eu tinha na minha lista de desejos deste ano era conhecer o Castelo de Chantilly, que fica perto de Paris. Eu o encontrei em um busca que fiz ano passado, ainda no começo do ano. Estava procurando lugares para ir, não queria ficar confinada em Paris, cidade bonita, mas que já visitei várias vezes, então, queria mudar de ares. O Château de Chantilly pareceu ser uma boa opção.

E foi uma ótima escolha, por sinal. A viagem em si foi muito agradável. E a cidade de Chantilly é muito charmosa. Chegamos na estação, com uma arquitetura bem característica do interior. Pequena e charmosa. Seguimos para o castelo e, no caminho, passamos por um bosque. Nele havia uma escultura, um mapa em 3D da cidade. Achei muito interessante. Vimos um pouco da cidade (prestamos mais atenção no nosso retorno). Penso, quem sabe, em retornar um dia para pernoitar e para conhecer melhor, independentemente do castelo.

Estação de trem de Chantilly

Mapa em 3D da cidade e do Castelo.
Eu gosto de explorar cidades menores. Acho prazeroso percorrer as ruas, experimentar a culinária local e simplesmente andar se compromisso. É assim que descubro paisagens novas e até pequenos monumentos e memoriais escondidos. Ah, nesta viagem, talvez pela escolha do trajeto, foi a que mais me deparei com memoriais, principalmente das duas guerras mundiais.

Chegar ao castelo é muito fácil. Ele não fica distante da estação e caminhada é agradável. Tínhamos pegado vários dias chuvosos na França, mas, curiosamente, aquele foi um que nos  brindou com certa estabilidade. Iniciou nublado, mas o céu foi abrindo ao longo do dia e, à tarde, estava completamente azul, o que garantiu muitas fotos lindas de Chantilly. 

Antes de chegar propriamente ao castelo, passamos pelas cavalariças. Juro que eu achei que já era o castelo, dada a monumentalidade do edifício. Depois a ficha caiu. O complexo equestre foi obra de Louis-Henri de Bourbon, 7º Príncipe de Condé, neto do rei Luís XIV, realizada pelo arquiteto Jean Aubert . A construção começou em 1719 e foi concluída em 1735. É, literalmente, um palácio para cavalos, que acomoda cerca de 240 cavalos. Dizer que é um prédio majestoso não é exagero. Lá fica o Museu do Cavalo e durante o ano há muitos eventos e apresentações equestres. Pena que não pudemos assistir a uma.



As grandes cavalariças, construídas entre 1719 e 1740, são uma obra prima do arquiteto Jean Aubert e abrigam, atualmente, o Musée vivant du cheval (Museu vivo do cavalo). 
Passando pelas cavalariças temos já a visão do castelo, que é magnífico. Não gosto de fazer comparações. Já visitei todo tipo de castelo, dos medievais aos palácios mais modernos. Cada um deles tem sua beleza, sua especificidade. Chantilly, no entanto, é um dos que eu mais gostei até hoje. Podem rir, mas eu me senti entrando no castelo da "Bela e a Fera", ou algo próximo disso.

A fachada é muito interessante e, apesar de ser uma construção em estilo renascentista francês, ainda dá para encontrar um certo ecletismo. O Château de Chantilly remonta à Idade Média, e por isso tem influencia gótica presentem  por exemplo, nos gárgulas. Ele também passou por várias modificações ao longo do tempo, tendo sido destruído e reconstruído. 





Uma das coisas que me chamou atenção ainda antes de entrar no castelo foram as estátuas de animais, mas especificamente cães de caça. No interior do castelo eles tornam a aparece e, até, uma escultura de um javalí. Ao que tudo indica, Louis-Henri de Bourbon, Príncipe de Condé, tinha grande admiração por cães de caça e, claro, por cavalos. Os príncipes de Condé caçavam em todas as estações e mantinham três matilhas, sob a liderança de cerca de vinte caçadores. 

Há, inclusive, o pátio do canil, com mais de 66 metros de comprimento e 44 metros de largura, foi decorado com uma grande piscina central com jato. Não é de se admirar que se veja referências ao animais por todo o castelo, seja em pinturas ou em esculturas. Há, inclusive, uma sala dedicada a caça e cabeças de animais podem ser encontradas nas paredes de mais de um aposento.

Finalizando este parte, eu pesquisei e descobri que os cães são animais que estão  presentes nas artes figurativas desde a antiguidade e durante a  Idade Média. Mas no Renascimento essa presença foi reafirmada. Eles aparecem frequentemente em  retratos de aristocratas italianos, simbolizando sua riqueza. A influencia renascentista com a paixão dos príncipes de Condé pela caça e os animais explicam a presença desses animais de forma tão destacada no Château de Chantilly.
Estátuas de cães de caça em bronze na entrada do castelo.

Estátuas de cães de caça em bronze na entrada do castelo.

Pedro e o Javali, Château de Chantilly.

O interior do castelo é muito bonito. Há uma pequena, mas muito charmosa capela, na qual podemos assistir numa tela a história do castelo, antes de começarmos o tour. Umas das primeiras salas que visitei foi a sala de jantar. Ela estava com a mesa posta, e, na copa, havia uma exposição da prataria e das porcelanas que eram utilizadas nas refeições. Tudo impecável. A seguir estavam as salas com exposições de pinturas. Deslumbrantes (as salas e as pinturas). Logo reconheci algumas personalidades como Maria Antonieta, Napoleão Bonaparte e o Cardeal Cardeal Richelieu.

Chama atenção ainda para a arte decorativa, como tetos ricamente decorados, afrescos e papel de parede. Uma das coisas que eu mais gostei foram dos vitrais. Uma sequência deles em especial, " Galerie de Psyché". Um amplo corredor cujas janelas possuem vitrais que trazem, cada um, uma narrativa sequenciada que conta conta o mito de Psique é uma história da mitologia grega sobre uma jovem mortal que se casa com o deus do amor, Eros. Fiquei tão encantada que, na loja do castelo eu comprei um livro que faz um estudo dos vitrais (que ainda não tive tempo de ler, mas pretendo).

Sala de jantar.
Galeria com parte da coleção de pinturas do castelo.

Galeria com parte da coleção de pinturas do castelo.
Detalhe: arte decorativa nas paredes da galeria.

Um dos vitrais da Galerie de Psyché.

Encerrando este texto (que ficou maior do que eu imaginava), vale falar dos lindos jardins do Château de Chantilly. Como o dia foi abrindo aos poucos, quando saímos do passeio dentro do castelo fomos apreciar os jardins, que são uma atração a parte. espelhos d'água, piscinas, um lago cheio de aves como patos e gansos, além de outros pequenos animais. Daria para passar um dia só explorando cada canto. Eu fiquei imaginando como seria em um dia de verão. Era inverno, mas mesmo assim parava de chegar excursões escolares com crianças e adolescentes, que estavam se divertindo nos jardins.

Os jardins são uma das mais notáveis criações de André Le Nôtre, considerado o maior paisagista francês. André Le Nôtre, que viveu entre 1613 e 1700, era filho de jardineiros. Ele foi responsável pelo projeto do jardim de Versalhes, e orientado pelo próprio rei, desenvolveu um estilo de jardinagem simetricamente perfeito, que posteriormente deu origem ao jardim francês. As Tulherias, foram projetadas por Le Nôtre em 1667, constituem com a Champs-Élysées, o conjunto arquitetônico conhecido como Axe historique de Paris. Também projetou jardins em Saint Germain, Saint Cloud, Sceaux, Fontainebleau, Meaudon.





Aliás, uma última observação antes de  finalizar. Dia 27 de janeiro era uma segunda-feira. O castelo estava aberto, mas a cidade praticamente toda estava fechada. Fomos descobrir que em Chantilly não se trabalha nas segundas. Além de um punhado de restaurantes (poucos mesmo) e alguns salões de beleza, estava tudo fechado. Aparentemente o calendário da cidade é diferente do da capital. Mas mesmo assim conseguimos um almoço delicioso (e barato) e sobremesas incríveis (metade do preço de Paris), com o legítimo chantili de Chantilly.

Algumas informações sobre o castelo

 Château de Chantilly  fica localizado em ChantillyOise, há menos de uma hora de Paris, de trem. O castelo era originalmente uma construção fortificada construída sobre uma rocha entre os pântanos do vale Nonette e controlando a estrada de Paris a Senlis. 

No século XI, o castelo pertenceu aos Bouteillers, considerados os primeiros senhores de Chantilly. A família d'Orgemont adquiriu a propriedade em 1386 e mandou construir uma nova fortaleza.  Em 1484 , Guilherme de Montmorency recebeu-o como herança.

Anne de Montmorency, no século XVI, contratou o arquiteto Jean Bullant para construir  construísse uma pequena portaria de entrada no estilo do Renascimento francês, uma adaptação do estilo do Renascimento italiano Assim, foi construído o Petit Château, em 1560, o palácio que foi destruído durante a Revolução Francesa e reconstruído na década de 1870.  Durante a Primeira Guerra Mundial, as dependências do castelo foram utilizadas como quartel, tendo abrigado diversas conferências entre os Aliados. Atualmente é propriedade do Instituto de França.

Sobre o chantilly

O creme batido e adoçado apareceu em toda a Europa já no século XVI, graças à mania do Renascimento italiano por produtos lácteos. A primeira receita foi publicada na Inglaterra por volta de 1545. Receitas semelhantes foram publicadas na Europa alguns anos depois. Esse creme receberia o nome de Chantilly no século XVIII. 

*****

Para poder detalhar melhor a experiência (e tirar algumas dúvidas que foram surgindo à medida que eu escrevia o texto) eu pesquisei nos seguintes links:

André Le Nôtre. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Le_N%C3%B4tre>. Acesso em 02 mar. 2025.

André Le Nôtre - O versátil paisagista francês criador dos principais jardins do mundo. Disponível em: <https://www.paisagismoemfoco.com.br/destaques/324-andre-le-notre-o-versatil-paisagista-frances-criador-dos-principais-jardins-do-mundo>. Acesso em 02 mar. 2025.

Cães na arte: múltiplos pontos de vista. Disponível em: <https://www.artmajeur.com/pt/magazine/5-historia-da-arte/caes-na-arte-multiplos-pontos-de-vista/331372>.  Acesso em 02 mar. 2025

Castelo e Chantilly. Disponível em:  <https://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Chantilly>. Acesso em 02 mar. 2025.

Château de Chantilly - Institut de France. Disponível em: <https://chateaudechantilly.fr/>. Acesso em 02 mar. 2025.

Grandes écuries du château de Chantilly. Disponível em: <https://fr.wikipedia.org/wiki/Grandes_%C3%A9curies_du_ch%C3%A2teau_de_Chantilly>. Acesso em 02 mar. 2025.

segunda-feira, 3 de março de 2025

"AINDA ESTOU AQUI" VAI FICAR NA HISTÓRIA


Ao contrário de uma amiga que realmente entende de cinema, e que tem mais capacidade de fazer uma resenha sobre o Oscar de 2025, eu quero apenas colocar algumas palavras sobre as minhas impressões  pessoais sobre a campanha que o filme "Ainda estou aqui", a partir da vitória no Globo de Ouro, ano passado. Não tem como não destacar, já de início, o efeito que o Globo de Ouro teve para a autoestima nacional. Fazia muito tempo que não tínhamos alguma coisa significativa  para comemorar. A vitória de Fernanda Torres foi como uma lufada fresca de vento numa tarde quente de verão. 

No Brasil, nos últimos anos, temos esquecido do que realmente significa ser brasileiro. O patriotismo tomou rumos tenebrosos, foi ressignificado de forma grotesca e se ao invés de unir, dividiu a nação. Foi o cinema que trouxe de volta aquele orgulho genuíno, perdido já há algum tempo. Pelo menos eu me sinto assim. Eu viajei para o exterior nas  férias e queria entrar no cinema para assistir a um filme brasileiro. Vibrava todas as vezes que via o cartaz do filme, com rostos tão conhecidos no Brasil e que estavam brilhando no exterior. Um orgulho de ser brasileira que havia se perdido há algum tempo.

Em 27 de janeiro, em cartaz num cinema em Chantilly, na França.

A campanha em si, eu a vejo como um movimento de restauração do sentimento de pertencimento, que estava sendo desgastado pela polarização política, pelo ódio às ideologias e ao outro. Algo tão bizarro e sem  fundamento que chega a ser aterrorizante. Aliás, viver no mundo hoje, se pararmos para pensar é uma experiência surreal, na qual o medo aparece sempre como um sentimento latente: medo de ser imigrante, medo de ser gay, medo de ser mulher, medo de ser vitimado pelo racismo, medo até de professar uma religião.


Fernanda Torres comemorando o Globo de Ouro em 2024.

E no meio de tanto medo, "Ainda estou aqui" trouxe a coragem de falar sobre temas sensíveis do presente e do passado. Trouxe não um, mas, vários momentos de reflexão, e, acima de tudo, levou isso para além das fronteiras nacionais. Fez também muitas pessoas comprarem livros. Eu comprei  o livro de Marcelo Rubens Paiva. E não fui apenas eu. O livro aparece como um dos mais vendidos na Amazon. As pessoas lotaram as salas de cinema e compraram o livro. Acho que esta é uma vitória ainda maior do que qualquer outra premiação.

Além disso, fazia tempo que não tínhamos uma projeção tão positiva do Brasil no exterior. Ano passado, numa conferência durante um encontro internacional em Campo Grande (MS), a jornalista e pesquisador Sônia Luyten, que afirmou que temos muitos trabalhos de excelência, que somos pioneiros, mas não somos lidos porque escrevemos em português. Pois bem, temos um cinema com uma longa trajetória e que agora está ganhando o mundo, falando português. Ao projetar o Brasil na cena cultural internacional, o filme não está apenas abrindo caminho para o cinema nacional mas, também, para outras áreas da cultura nacional em terras de não-falantes do português.

Walter Sales e o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2025.

Quanto ao Oscar em si, eu disse a uma amiga, antes da premiação começar, que com ou sem o prêmio nós já ganhamos. No entanto, confesso que quando o Oscar de melhor  filme estrangeiro saiu eu vibrei e quis mais. Fiquei decepcionada pela Fernanda não ter ganhando o Oscar de melhor atriz. Mas tudo bem, já temos o Globo de Ouro. Por fim, termino dizendo que "Ainda estou aqui" fez algo por mim: depois que quase um década, eu passei a noite assistindo o Oscar. Eu já havia abandonado a premiação fazia um bom tempo. Além disso, anotei o nome dos filmes indicados e vou assisti-los um a um. Outra coisa que há algum tempo eu já não fazia. Um dos pequenos milagres de "Ainda estou aqui".

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

FÉRIAS DE JANEIRO: VISITANDO MONTE SAINT-MICHEL, NA NORMANDIA.

Monte Saint-Michel, 23 de janeiro de 2025.

Algumas coisas definitivamente marcam a vida da gente. Eu me lembro de quando tinha 12 anos de idade e fiquei encantada com as fotos que a minha saudosa professora de Geografia, Heloísa Nogueira (acontece que ela era uma prima distante, fui descobrir mais tarde), levou para a sala de aula, quando foi falar sobre a Cordilheira dos Andes. Eram fotos de uma viagem que ela havia feito, a Machu Picchu, que fica no Peru. Naquela que foi uma aula inesquecível, eu me decidi: vou conhecer Machu Picchu.

Minha mãe costureira, me disse para eu me contentar com as férias no Rio de Janeiro, na casa da minha tia. Meu pai, de espírito aventureiro como o meu, me disse que eu trabalhando e juntando dinheiro, iria onde eu quisesse. E não foi que, alguns anos depois que comecei a trabalhar, peguei carona em um congresso internacional que estava ocorrendo em Lima e fui parar em Machu Picchu. Meu pai estava certo, era só uma questão de tempo, paciência e organização. Matei o desejo de juventude e, literalmente, corri como uma desvairada pela cidade Inca, explorando cada lugar.

Mais recentemente, eu passei por uma experiência semelhante. Assistindo a um k-drama (uma série coreana), chamada "O Pacote" (escrevi sobre ela, quem quiser conferi, clique aqui) fiquei fascinada com Monte Saint-Michel, um dos cenários franceses usados no drama. A curiosidade me fez pesquisar sobre o lugar. O Monte Saint-Michel é uma ilha rochosa na foz do Rio Couesnon, no departamento da Mancha, na França, onde foi construída uma abadia e santuário em homenagem ao arcanjo São Miguel, cuja história remonta ao século VIII. Seu antigo nome é "Monte Saint-Michel em perigo do mar". Há pessoas que trabalham lá, mas há residentes fixos, também. Cerca de 30 pessoas. A atração recebe mais de 3 milhões de turistas por ano.

Quanto mais eu lia sobre Monte Saint-Michel, maior era a minha vontade de conhecer. Mas aí veio a pandemia de covid-19 e, mesmo eu tendo ido à França em 2023, não pude incluir Monte Saint Michel no meu roteiro. Mas como meu pai sabiamente disse, era ter paciência e planejar. Então, em 2025 eu finalmente consegui ir a Saint-Michel e, de quebra, ainda pude fazer outros passeios que foram muito bons também. 

Catedral de Rouen, cuja construção foi iniciada em  1030 e encerrada em 1506. A construção tem a classificação de monumento histórico desde o ano de 1862 -  21 de janeiro de 2025.

Eu reuni um grupo de amigos e fomos para Paris, tendo com destino final Monte Saint-Michel. No aeroporto alugamos automóveis e partimos em direção à Normandia. Embora o objetivo fosse ir a Monte Saint-Michel, coloquei no roteiro algumas paradas. No primeiro dia, pernoitamos em Rouen, capital da Normandia e uma cidade cheia de histórias, exploramos a cidade no segundo dia. 

Eu e o túmulo do Rei Ricardo Coração de Leão, na Catedral de Rouen - 21 de janeiro de 2025.
Rouen é uma cidade relativamente grande, para os padrões europeus, com cerca de 110 mil habitantes. Seu centro histórico é belíssimo, com construções em estilo gótico (igrejas) e casinhas com estilo medieval, Rouen é uma cidade muita antiga, cuja fundação remonta ao Império Romano, no século I. Foi uma cidade fundada pelo imperador Augusto, chamada originalmente de Rotômago. Dentre os muitos eventos históricos que a cidade presenciou, temos a Guerra dos Cem anos contra a Inglaterra. Foi em Rouen, em 30 de maio de 1431, que Joana d'Arc foi queimada viva, após um julgamento manipulado pelos ingleses que queriam a todo custo acusá-la de heresia e feitiçaria.

Torre onde Joana D'Arc ficou presa antes de ser queimada na fogueira em Rouen. É o único vestígio do castelo construído no século XIII pelo rei Filipe Augusto - 21 de janeiro de 2025.

A cidade, também, passou por dois momentos de devastação, primeiro com a Peste Negra, no século XIV e, depois, com os bombardeios durante a ocupação nazista, em 1940, e novamente durante as operações iniciadas com o desembarque do dia D, em 1944. Fomos aos pontos turísticos principais, mas ficamos desapontados com o fato da Torre de Joana D'Arc estar fechada. Essa torre foi onde Joana D'Arc ficou presa e passou seus últimos dias. Ela é o que sobrou Castelo, construído no século XIII. 

Pernoitamos novamente em Rouen e, na manhã seguinte fomos cedo para Saint-Michel. No caminho paramos para almoçar e passear (este era o plano original) em Bayeux, cidade conhecida pelo museu onde ficam as famosas Tapeçarias de Bayeux e pelas praias do desembarque do Dia D. Resumidamente, todos os pontos turismos (com exceção e igrejas) estavam fechados. Pelo que pude entender, neste período do inverno museus, alguns restaurantes e loja fecham para um período de recesso, pois é uma época de pouco movimento. Nós só conseguimos ir até as praias do desembarque, isso debaixo de muita chuva, mas não deixou de ser emocionante. Vou dizer que nem senti frio, sério. Acho que foi adrenalina.

Na  Praia de Omaha onde houve um dos desembarques durante a operação militar de 1944, conhecida como dia D - 22 de janeiro de 2025.

No final do dia chegamos no hotel, depois de enfrentar duas horas de estrada, em um temporal que parecia que não teria fim. Vou ao inverno para a Europa desde 2017, foi a primeira vez que choveu tanto. Nós nos hospedamos em um Ibis, um hotel básico. Mas tinha um ótimo restaurante e uma área comum muito agradável. No dia seguinte, quando formos para Monte Saint-Michel o tempo amanheceu muito melhor e, para a surpresa de todos, o céu abriu e o sol saiu. Foi perfeito.

Fomos de carro, numa viagem que deve ter durado cerca de 15 min, passando por Beauvoir e depois atravessando uma área rural que, por sinal, era muito diferente das áreas rurais que já visitei tanto em Portugal, quando na Suécia e na Suíça. Lá deixamos o carro em um estacionamento e tomamos um ônibus para Monte Saint-Michel. Cerca de 15 min depois avistamos nosso destino. A chegada foi emocionante, vendo a cidadela surgindo no horizonte.

Chegando ao Monte Saint-Michel - 23 de janeiro de 2025.

Quando desci do ônibus eu parecia uma criança num parque de diversões. Tirava fotos compulsivamente, para não perder nada. Eu subia e descia as escadarias e ladeiras de Monte Saint-Michel tão empolgada que meus joelhos nem doeram (tenho lesões nos dois joelhos). A cidadela é linda. As casas, as ruas, tudo parecia sair das páginas de um livro. Um verdadeiro cenário de filme. A Abadia é maravilhosa. Construções medievais impecáveis.

Apesar de ser baixa estação para turismo naquela região, havia muitas pessoas visitando Monte Saint-Michel. Eu identifiquei espanhóis, coreanos, japoneses e italianos. Havia também excursões escolares, com crianças do fundamental e do ensino médio.

Foi um dos melhores passeios que eu fiz em toda a minha vida e recomendo, para quem gosta deste tipo de roteiro. Aliás, agora tem TGV saindo de Paris para Monte Saint Michel, sem baldeações. Pretendo, no futuro voltar, até para poder explorar mais a região, que oferece muitas opções de passeios. E pensar que tudo isso começou com um k-drama, há seis anos atrás.

Mais todos de Monte Saint-Michel (tiradas dia 23 de janeiro de 2025).