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Que me desculpem os economistas, mas crise econômica não é desculpa para diminuir o investimento em educação, pelo contrário: é aí que se deve investir mesmo. Investir na formação de bons professores, que vão formar os bons profissionais que irão um dia tirar o Brasil da triste sina de ser um país que promete tanto, mas que nunca consegue dar um passo a frente sem dar dois atrás. |
Conversando
com um amigo, que é professor de educação infantil, sobre a questão do
investimento na educação eu acabei tirando o dia para refletir sobre o
investimento que se faz na educação no Brasil.
Ele
é brasileiro e mora num país onde se investe muito na educação (segundo ele 44% do PIB) e onde há uma
grande demanda por professores e, portanto, oportunidade para estrangeiros
trabalharem em docência. Ele está trabalhando em uma
escola recém-inaugurada, com toda a infraestrutura necessária, e me disse que,
ainda ano que vem, será aberta outra escola e serão contratados pelo menos mais 20
profissionais do ensino.
Ele está fazendo mestrado e nos dias que precisa
se ausentar para ir à universidade fazer as disciplinas, a escola o libera. Ele
não precisa tirar licença porque sua carga horária não é excessiva, o que
permite que ele estude e trabalhe. Eu poderia dizer mais coisas, que deixariam
muitos dos meus colegas ansiosos para perguntar: “Que país é esse?”. Eu, da
minha parte, responderia: “Não é o Brasil!”.
Eu
tenho por convicção que um país se define como desenvolvido na medida em que
investe em professores. E não é preciso muito. Um bom salário, uma carga horária
compatível com seu trabalho, o incentivo e o investimento na formação, da
graduação à pós-graduação.
Só vamos resolver o problema da
educação se investirmos no professor. E não estou dizendo isso baseada em “achismos”.
Eu procurei me informar. A Finlândia, por exemplo, tem o seu sistema de educação
reconhecido por ser o mais eficiente e qualificado do mundo. Lá de investe cerca
de 50% do PIB em educação. Mas não foi sempre assim. Há cerca de 40 anos o sistema
de ensino lá era caótico. O que se fez? Investimento, principalmente na
formação de professores.
Então
o Brasil não investe em educação? Sim, investimos, mas o dinheiro é muito mais
direcionado aos recursos materiais do que humanos. Investimos bilhões, mas as
universidades estão sucateadas. Investimos em computadores que não são usados,
em laboratórios que ficam fechados porque não se contrata técnicos, em
bibliotecas onde não há bibliotecários, mas não investimos nos profissionais do
ensino.
No
período da Ditadura Militar, o governo promoveu o arrocho salarial, rebaixando
o salário mínimo para atrair empresas estrangeiras. Afinal, quem não quer mão
de obra barata? E isso é cultural. No Brasil, um país com profundas raízes
escravistas, o trabalhador tem que ser barato. E isso se aplica também ao professor.
Muitos
pais talvez não entendam, mas para garantir que seus filhos tenham uma educação
de qualidade não é necessário computadores ou celulares modernos, mas
profissionais bem preparados e motivados. Um salário justo, uma carga horária
moderada e investimento na formação. Há ilhas de excelência no Brasil, que
mostram que essa receita é infalível. Municípios que reformaram o sistema de
ensino e que fazem a Finlândia parecer estar aí ao lado.
Então,
me desculpem os gestores, mas não dá pra ter qualidade em educação sem investir
no professor.
Que
tal ao invés de reuniões cansativas que prolongam a jornada diária de trabalho
e desgastam os profissionais das escolas, não se investe em qualificação? Por
que não reduzir a carga horária e permitir que o professor tenha tempo para
planejar suas aulas e se aperfeiçoar?
No
Brasil gosta-se muito de imitar o que outros países fazem. Então, fica aqui a dica:
imitem investindo no professor.
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