Este ano eu pude conhecer o trabalho de várias
autoras suecas, com os mais variados estilos. Com algumas delas eu tive o
privilégio de conversar pessoalmente, com outras eu troquei mensagens pelo
facebook e e-mails.
Tentei postar, sempre que possível, alguma coisa sobre a obra
dessas mulheres. Através delas eu procurei entender como funciona a indústria
dos quadrinhos suecos que, acredito, é a única que atualmente é quase dominada
pelas mulheres. De fato, alguns especialistas com os quais conversei afirmaram
que, atualmente, são elas que movimentam o mercado dos quadrinhos suecos.
Anneli Furmarck |
Uma das autoras com as quais eu tive um
contanto foi Anneli Furmark, que é considerada atualmente uma
das mais importantes quadrinistas da Suécia. Seu trabalho já foi publicado no Canadá, Finlândia, Países Baixos
além de em vários jornais suecos. Sua formação é em Belas Artes. Trabalhar
com Histórias em quadrinhos não estava em seus planos, embora ela já desenhasse
e escrevesse quadrinhos desde pequena. Foi para a pintura que Anneli voltou sua
atenção quando ingressou na faculdade. Apenas na década de 1990 que ela começou
a produzir seus primeiros quadrinhos. Anneli fez o caminho inverso de muitas autoras, que deixaram os quadrinhos para se dedicar à pintura e à ilustração.
“Eu
sempre me interessei por desenho e por quadrinhos, mas de certa forma eu
comecei tarde. Foi apenas quando eu terminei meus estudos de arte (MFA, Umeå
University, 1997) que comecei a trabalhar com histórias em quadrinhos curtas e
com romances gráficos e a publicá-los.” [1]
Labyrinterna och andra serier (2002) |
Seu primeio romance gráfico veio em 2002, com o
álbum Skapar Labyrinterna och andra serier (Labirintos e outros quadrinhos), pela Optimal
Imprensa, uma coleção composta por histórias curtas,
inspiradas na sua infância em Norrbotten. Assim como muitos outros autores
suecos ela encontrou nos quadrinhos autobiográficos uma gênero atraente em seus
primeiros trabalhos.
Em 2009, Anneli Furmark passou a escrever quadrinhos de ficção científica, com Skapar August & jag, uma história que envolve viajantes do tempo e narra a história de um escritor que fora
tirado do seu século. Para suas obras de
ficção ela tira inspiração em autores como Júlio Verne.
Seus personagens estão constantemente esbarrando em novas experiências
que fazem suas vidas tomarem rumos inesperados. Quando questionado sobre qual
de seus quadrinhos ela gosta mais, Annelli aponta o albúm Jordens medelpunkt (O
Centro da Terra), que segundo ela “tem um lugar especial no meu coração”[2]. É
uma história em quadrinhos sobre “o medo, o amor e a natureza incrível da
Islândia.” Criada no norte da Suécia, próxima da Finlândia, Anneli usa as
paisagens naturais daquela região como pano de fundo de muitos dos seus
quadrinhos.
Fiskarna i havet (2010)
|
Quando
falamos sobre a participação feminina na produção de quadrinhos na Suécia, Furmark relacionou o maior
interesse e destaque dos quadrinhos naquele país com a maior participação das
mulheres. Segundo ela isso vem atraindo mais leitores e, também, mais artistas.
Para Anneli nos últimos dez anos o sexismo diminuiu na Suécia e isso foi muito
bom para as mulheres. A diferença é tanta com relação a outros países.
”Eu fico bastante chocada
quando eu vou para a França por exemplo, e vejo quanto sexismo ainda existe na
indústria dos quadrinhos de lá. Aqui não é perfeito, mas é muito melhor”[3].
De fato, o
espaço conquistado pelas mulheres na indústria cultural sueca nos últimos anos
é exemplar. Tudo possível graças ao fortalecimento do movimento feminista
naquele país e do compromisso assumido pelo governo em diminuir as
desigualdades de gênero usando para isso a educação e a cultura. A Suécia, no
entanto, está longe de ser perfeita, como bem destacou Anneli mas, entre os
países do ocidente talvez seja o que mais avançou no combate ao sexismo e à misoginia.
Conheça um
pouco do trabalho de Anneli Furmack clicando aqui!
Fontes consultadas:
Anneli Furmark. Disponível em: http://www.kartago.se/forfattare/anneli-furmark/, acesso em 18
de mai. 2017.
Anneli Furmark. Disponível em: https://www.bibblo.se/111841/sv/articles/anneli-furmark, acesso em 18
de mai. 2017.
[1] Anneli Furmark, entrevista
concedida via e-mail em 22 mai. 2017.
[2] Idem.
[3] Idem.
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