Nils Bejerot - Barn serier Samahälle
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Não muito diferente do que ocorreu em muitas partes
do mundo, na década de 1950, emergiu na Suécia o debate acerca dos “quadrinhos
perigosos”. Estas críticas foram resultado do impacto do livro “A Sedução dos
Inocentes” publicado nos Estados Unidos pelo psiquiatra Fredric Wertham, onde condenava
alguns tipos de quadrinhos alegando que eles corrompiam a juventude.
A onda de conservadorismo que varreu os anos após a
II Guerra Mundial atingiu diversos países do mundo e não poupou a Suécia, onde
os quadrinhos também foram considerados perigosos para a juventude. Chegaram a
ser publicadas na Suécia obras inspiradas nas ideias Wertham, em 1954. Uma
delas foi Barn serier Samahälle
(Crianças, quadrinhos e sociedade), pelo psiquiatra e criminologista Nils Bejerot.
Bejerot na época trabalhava
como assistente médico social no Conselho de Assistência à Criança e à
Juventude da cidade de Estocolmo. Ele foi o pioneiro no estudo sobre o uso de drogas por jovens na Europa, por ter sido o primeiro a diagnosticar e relatar
um caso de abuso de drogas intravenosas juvenis. Ele também deu esse nome à
síndrome de Estocolmo, em 1973.
Em seu livro, Bejerot reforça as teses de Wetham e
acusa os quadrinhos de superaventura de serem fascistas. Chega a relacionar o
Superman com o nazismo e o Fantasma com a Ku Klux Klan.
As críticas feitas por Nils Bejerot, aliadas à sua
reputação, influenciaram muitas gerações de professores, editores e
bibliotecários, mas a toda esta perseguição, houve uma reação dos fãs e dos
quadrinistas suecos. Como resposta a essas críticas, Sture Hegerfors fundou a
Academia de Quadrinhos da Suécia (Svenska
Serieakademin), em 1965.
O Fantasma, ou Phatom, um dos personagens mais populares dos quadrinhos mais populares na Suécia, não escapou das críticas de Nils Bejerot. |
Em 1968 foi a vez da Associação Sueca de Quadrinhos (Seriefrämjandet), iniciada por Jane Lundström e Henri B.
Holgren. Hegerfors também foi o primeiro presidente da Associação de Quadrinhos
da Suécia, que durante esses anos vem transformando a noção de quadrinhos,
valorizando-os como uma legitima forma de arte. Além dessas ainda surgiram
outras organizações de quadrinhos na Suécia como NAFS(K), Mangakai e Generation
Tintin.
Nils Bejerot |
FONTES
STRÖMBERG,
Fredrik. Swedish Comics History. Malmö: The Swedish Comics Association, 2010.
REBLIN,
Iuri Andréas. A superaventura: da
narratividade e sua expressividade à sua potencialidade teológica. – São
Leopoldo: EST/PPG, 2012.
NILS Bejorot . Disponível em: http://www.nilsbejerot.se/om.htm, acesso em 20 mai. 2017.
Um comentário:
O Japão também teve seus "werthams"...
nos anos 30...no contexto da guerra contra a China.. a ditadura japonesa caiu em cima do mangá alegando que desviava as crianças e jovens dos ideais nacionalistas etc..
nos anos 50 houve tentativa de censura novamente.. alegavam que tava corrompendo a criançada etc.
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