segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A REVOLTA DA VACINA E A REFORMA URBANA



Imagem disponível em http://www.colegioweb.com.br/trabalhos-escolares/historia/detalhes-da-revolta-da-vacina.html, acesso em 17 de nov. de 2014
A Revolta da Vacina foi uma revolta popular ocorrida na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904. Ocorreram vários conflitos urbanos violentos entre populares e forças do governo (policiais e militares).

A principal causa da revolta foi a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, realizada pelo governo brasileiro e comandada pelo médico sanitarista Dr. Oswaldo Cruz. A grande maioria da população, formada por pessoas pobres e desinformadas, não conheciam o funcionamento de uma vacina e seus efeitos positivos. 

Havia ainda o descontentamento gerado pela reforma urbana realizada na cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil. Naquela época a cidade do estava crescendo desordenadamente. Sem planejamento, as favelas e cortiços estavam tomando conta do centro da cidade. A rede de esgoto e a coleta de lixo eram precários, isso quando existiam. Pra completar, a cidade estava tomada por doenças epidêmicas, das quais podemos destacar o tifo, a febre amarela e a varíola. 

O presidente da República, Rodrigues Alves, ordena que seja feita uma reforma no centro do Rio de Janeiro e que sejam implementados projetos de saneamento básico, urbanização e combate às epidemias. O biólogo e sanitarista Oswaldo Cruz é nomeado chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública. Junto com o prefeito Pereira Passos os dois dão início à reforma urbana.

Mas a reforma tinha seu lado perverso. Ela incluía a demolição das favelas e cortiços, expulsando seus moradores para as periferias, movimento esse apelidado pela população de “bota-abaixo”. Medidas como essa causaram revolta na população, que desaprova ainda a companha da vacinação obrigatória.

Para a população negra (que representava uma grande parcela da população da capital federal), adepta das religiões de matrizes africanas, a varíola era uma doença sagrada, que não podia ser combatida da maneira como os governantes estipularam, com a vacinação. 

Quando a população ficou sabendo que a vacina era feita do próprio vírus da varíola, passou-se a acreditar que o governo queria acabar com os pobres, envenenando-a com a doença. Até intelectuais consagrados como Rui Barbosa se recusaram a tomar a vacina.

A população começou a fazer ataques à cidade, destruir bondes, prédios, trens, lojas, bases policiais, etc. Esse episódio da história brasileira ficou conhecido então como Revolta da Vacina. Os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha também se voltaram contra a lei da vacina. O episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém reconstruída cidade do Rio de Janeiro numa praça de guerra, onde foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados. 

Em 16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revoga a lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a polícia para acabar com os tumultos. Cerca de 110 feridos e 30 pessoas mortas. A ação policial resultou na prisão de 945 pessoas, das quais 461 foram deportadas para o Acre.


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