Autora: Mary Del Priore
Ano: 2012
É a minha primeira resenha de 2014. Como havia dito em postagem anterior, estou determinada a resenhar das as minhas leituras, uma forma de pensar sobre o que eu li e dividir minhas impressões.
Esse livro trata do triangulo
amoroso envolvendo Dom Pedro I, a Imperatriz Leopoldina e a Marquesa de Santos,
amante mais famosa de Dom Pedro I. O título faz uma referência ao dilema vivido
pelo Imperador, dividido entre a carne (o amor carnal) e o sangue (o dever para
com o Império e a família).
Mas não se trata apenas disso.
Como em outros livros, A Carne e o Sangue coloca na mesa a intimidade da
nobreza durante o Império, de forma a se construir imagens diferentes dos
nossos monarcas e não apenas dele. A mulher está no centro da narrativa. A
Imperatriz Leopoldina, influenciada pelo romantismo característico de sua época
e devotada ao dever com sua família. Mulher que é afligida pelas mais torpes
humilhações, que sofre não apenas violência física por parte do marido, mas
também simbólica. Mulher martirizada ao ter uma morte precoce, que acaba
comprometendo o próprio Imperador, cuja reputação fica irremediavelmente manchada
entre a nobreza europeia e entre seus próprios súditos.
De outro lado, a malfadada
Marquesa de Santos, mulher que se entrega à paixão e que desafia os cânones de
sua época. Ela não é apenas mais uma amante do Imperador Dom Pedro, mas
torna-se figura política influente do Império, colecionando desafetos,
esbanjando audácia. Mulher ambiciosa que
não tem medo de lutar pelo que deseja. Domitila não é uma santa e não está
disposta a se sacrificar em nome da virtude. É o oposto de Leopoldina.
Domitila, Dom Pedro e Dona Leopoldina Fonte: http://goo.gl/QYQ2vm |
É um livro que fala das mulheres
do século XIX, santas e pecadoras, mulheres que estão presentes não apenas na
Corte, mas na sociedade brasileira.
A autora traz à luz a intimidade
dos amantes assim como suas desventuras. O pano de fundo é o Primeiro Reinado.
A proclamação, a Guerra da Cisplatina, a abdicação. Todos esses momentos se entrelaçam
entre as aventuras amorosas do Imperador, seus filhos (legítimos ou bastardos)
e as mulheres que marcaram sua vida.
O leitor corre o risco de se
identificar com Dona Leopoldina e/ou com Domitila. As fraquezas pessoais e
políticas de Dom Pedro I são expostas. A narrativa baseia-se em fontes como
memórias, biografias cartas e jornais da época, citando algumas. São desvelados
alguns eventos pouco conhecidos que ocorreram na época, como revoltas contra
Dom Pedro I.
O livro é de leitura fácil
fugindo da linguagem acadêmica que caracteriza muitos dos livros de história
que são produzidos por historiares. Aliás, essa é uma característica da autora,
que escreve para m público muito mais amplo e ávido por esse tipo de leitura.
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