O Testemunho da Verdade apresentou no dia 10 de outubro de 2013, em parceria com a Comissão da Verdade e Memória da UFRJ, uma sessão sobre o caso Honestino Guimarães, no salão nobre do IFCS /UFRJ, no centro do Rio de Janeiro. O evento marcou os 40 anos do desaparecimento de Honestino contou com a presença de líderes políticos, estudantis, alunos e professores da instituição e foi aberto ao público em geral.
Sobre Honestino Guimarães: dados
Biográficos
Honestino Monteiro Guimarães nasceu em 28 de março de
1947 em Itaberaí, Goiás. Em 1964 ingressou na Ação Popular (AP), organização
política clandestina. Em 1965, foi admitido na Universidade de Brasília, aonde
veio a destacar-se como como líder estudantil. Suas ações o levaram a ser preso,
por cinco vezes: a primeira vez em fevereiro de 1966; depois em fevereiro; pela
terceira vez em 1967; pela quarta vez em agosto de 1967, tendo sido eleito
presidente da Federação dos Estudantes da Universidade e Brasília (Feub), ainda
no cárcere. Sua quinta prisão aconteceu em 29 agosto de 1968.
Em dezembro, se 1968, com a edição do AI-5, Honestino
passou a viver na clandestinidade. Morou em São Paulo e em 1971 mudou-se para o
Rio de Janeiro. Foi eleito vice-presidente da UNE em 1969, na gestão de
Jean-Marc von der Weid e em 1971 foi eleito presidente. Acreditava que a
transformação social brasileira só poderia ocorrer pela ação dos trabalhadores
organizados. Honestino não participou de ações armadas. A última prisão, no dia
10 de outubro de 1973, pode ter ocorrido por delação.[1]
O evento no IFCS/UFRJ
A sessão “Onde está Honestino Guimarães” contou com a
presença da atual presidente da UNE, Vic Barros; o diretor do IFCS, Marco
Aurélio Santana; da filha de Honestino, Juliana, Guimarães, de Wadih Damous,
presidente da Comissão Estadual da Verdade (CEV) e de dois ex-companheiros e
amigos de Honestino, Agostinho Guerreiro, militante, junto com Honestino, na
organização Ação Popular (AP), e o vereador Eliomar Coelho, seu colega na UNB.
Sobre as informações referentes à sua prisão e
desaparecimento há apenas especulações. Ele teria sido preso pela Marinha ou
levado para a Casa da Morte, em Petrópolis. Seu caso é considerado único, entre
os desaparecidos, pelo fato de não ter havido testemunhas de sua prisão ou
pistas sobre o seu paradeiro. Em busca de informações que levem à verdade sobre
esses acontecimentos e ao túmulo do pai, Juliana Guimarães, lançou a campanha
Trilhas do Honestino.
Vídeo exibido durante o evento - assista!
Algumas considerações
Toda a memória de amigos e familiares de Honestino,
exposta por meio de um documentário exibido no início da sessão e dos relatos
que o seguiram, mostram um líder carismático e que tinha uma grande
sensibilidade e apego aos amigos e à família. De fato, se explora muito mais o
lado afetivo e as relações de amizade de Honestino do que sua ação política,
hora ou outra pincelada.
Constrói-se a imagem do amigo, do companheiro, do pai
amoroso do bom filho. Do Honestino Guimarães, líder estudantil, membro ativo da
AP, pouco se fala. A busca por Honestino se pauta no desejo de reescrever da
história e de fazer justiça para a família. Na sessão, senti falta do Honestino
líder político, do que ele pensava e defendia. Parece que houve uma dissociação
entre um e outro. Como se se pudesse separar o líder do homem de família, como
se os dois não fossem a mesma pessoa.
Por outro lado, foi enriquecedor ter um testemunho tão
vívido de uma situação que foi muito mais comum do que se deveria: do
sofrimento de uma família que deseja encontrar não apenas a verdade sobre o que
aconteceu com um de seus membros, mas, também, colocar fim a uma história que
espera por uma conclusão há quarenta anos.
Significativa, também, a articulação que se faz entre
a ditadura e o contexto atual que vive o Brasil, especialmente o Rio de
Janeiro, no que diz respeito à repressão. Quase todos os palestrantes tocaram
nesse assunto e lamentaram a incrível semelhança entre a forma como se reprime
as manifestações populares em 2013 e as que ocorreram durante os anos de
ditadura.
[1] Honestino Guimarães. Biografia.
Disponível em: http://honestinoguimaraes.com.br/biografia, acesso em 13/10/2013.
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