Eu li a reportagem, que foi uma indicação do amigo Alexandre Soares e fiquei imaginando meus alunos com este equipamento nas mãos, motivados a produzir e a estudar. Seria o máximo. Mas muito além da questão de levar a computares para a escola, está a questão de se valorizar a educação como um todo. Destaque para a seguinte afirmação, que faz parte do texto abaixo: "O município é a base de tudo e deveria ser o ponto de partida de todos os projetos. Piraí é a prova que os iniciativas originadas em um município têm muito mais chances de sucesso, sejam elas relacionadas à tecnologia, à saúde ou qualquer outra área". Pois eu concordo plenamente. As escolas municipais tem tudo para dar aos nossos alunos oportunidades ímpares de aprendizado. Trabalhei na rede estadual por 15 anos, mas foi na rede municipal que eu consegui apoio para realizar meus projetos.
Os netbooks da Intel, conhecidos como Classmates e já bastante difundidos em salas de aulas e projetos educacionais da iniciativa privada, fazem sua estréia entre alunos da rede pública brasileira. Mais do que isso, os computadores estrelam o primeiro projeto municipal de um computador por aluno não só no Brasil, mas em todo o mundo. Em evento realizado nesta terça-feira (16), o vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, anunciou a compra de 5.500 unidades dos equipamentos.
Dois anos atrás, em 2007, a Intel doou 400 Classmates a Piraí como incentivo ao projeto Piraí Digital, cujo planejamento estratégico teve início em 2003. As máquinas foram implantadas na escola Rosa da Conceição Guedes, no Ditrito de Arrozal. Dado o êxito da iniciativa, posteriormente, o município adquiriu com recursos próprios outros 250 equipamentos. Somados, os Classmates contemplam todos os cerca de 6.200 alunos nas 21 escolas da rede pública em Piraí. As crianças terão acesso aos equipamentos a partir de agosto deste ano. "Este é o primeiro projeto de um computador por aluno de fato implementado em todo o mundo", afirma Oscar Clarke, presidente da Intel Brasil. "Trazer a tecnologia para a sala de aula é inserir nossas crianças na era da informação em que vivemos. Piraí e o estado do Rio de Janeiro é uma vitrine não só para o Brasil, mas para o mundo, e deveria servir de exemplo para o governo federal., que há algum tempo não consegue tirar do papel o projeto de um computador por aluno", sugere Clarke.
Arthur Henrique Ferreira, prefeito de Piraí, conta que o governo federal avaliou quatro cidades em diferentes regiões do país antes de decidir pela injeção de capital em Piraí. Segundo Tutuca, como é conhecido o prefeito, o projeto batizado Inove Educação recebeu R$ 4 milhões do governo estadual para a aquisição dos equipamentos - cada Classmate saiu a aproximadamente R$ 700. Em contrapartida, a prefeitura investiu outros R$ 1.28 milhão, valor que inclui a aquisição de servidores e infraestrutura das escolas e a capacitação e compra de computadores para os professores.
"O município é a base de tudo e deveria ser o ponto de partida de todos os projetos. Piraí é a prova que os iniciativas originadas em um município têm muito mais chances de sucesso, sejam elas relacionadas à tecnologia, à saúde ou qualquer outra área", afirma Tutuca.
Maria Helena Cautiero, coordenadora do projeto Piraí Digital e uma das responsáveis pela concretização da iniciativa de um laptop por aluno no município, acredita que esta seja uma contribuição para a evolução da educação no Brasil.. "As crianças normalmente encontram uma sala de aula ultrapassada, e a taxa de evasão só aumenta se nada é feito no sentido de mudar o paradigma da educação. Nós fizemos isso com base em fatores como mobilidade, interatividade, inovação, compartilhamento, construção e colaboração", detalha Maria Helena, citando como exemplo da escola Rosa da Conceição Guedes, que triplicou o número de alunos desde o início do projeto. Segundo a coordenadora, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nesta escola saltou de 2,2 para 4,8 nesse período.
Maria Helena explica ainda que o município de Piraí optou desde o início do projeto pelo software livre. Os Classmates utilizados nas salas de aula do municípo rodam Linux. "Você não pode fazer um projeto de inclusão digital com base em software proprietário", afirma. "A adoção do software livre, inclusive, vem motivando e criando uma massa de jovens interessados no desenvolvimento de tecnologias em baseadas em software livre."
Com o onjetivo de envolver cada vez mais a família na educação dos alunos e levar a tecnologia também aos pais, os alunos poderão levar seus laptops para casa. "Como a cidade é toda coberta por acesso via banda larga, as crianças podem acessar a internet a partir de outros pontos", explica a coordenadora do Projeto Piraí Digital.
Um pouco de história e o que deve vir pela frenteDesde 1997 a cidade sofria com a privatização e o consequente desemprego no município. Na ocasião, a cidade deu início ao projeto de ter uma rede própria de internet, bem como de digitalizar inúmeros processos e levar às salas de aula a tecnologia que permeia atualmente todos os mercado. "Na ocasião tínhamos na prefeitura apenas dois computadores. Seria impossível atrair investimentos sem capacidade de comunicação", recorda Pezão. De lá para cá Piraí tornou-se referência em cidade digital, com expressivos investimentos e projetos na área de educação.
"Estamos fazendo esforços para levar o modelo de um computador por criança aos mais de 1 milhão de alunos da rede pública estadual", afirma o governador do Rio de Janeiro. "O Rio pode ser um laboratório para o mundo", garante, afirmando, no entanto, que a expansão do projeto ainda está apenas no papel.
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