A poesia teve um papel importante na minha adolescência. No Ensino Médio eu escrevia cadernos e mais cadernos de poemas. Isto foi incentivado pela minha professora de português e literatura da época, Terezinha Meneghitti. Ela chegou até a organizar um grande sarau com os alunos quando eu estava no segundo ano. Mas o tempo da poesia acabou ficando no passado. Por décadas, sem exagero, eu não tive contato mais intenso com a poesia nem como leitora, e muito menos escrevi uma simples estrofe.
Isso mudou com a minha entrada para a Academia Leopoldinense de Letras e Artes - ALLA. Participando sempre do sarau da ALLA, que ocorre mensalmente aos sábados no Museu Espaço dos Anjos, de Leopoldina (MG). Não voltei a escrever, mas a ler e ouvir atentamente declamação de poesias. Por isso tirei alguns minutos para escrever e recomentar este livro de poesias "Chão Ancestral" (2023), que também traz a fotografia como parte da narrativa. Este livro tem como autora Margarida Montejano.
Conheci Margarida Montejano, e na época adquiri o livro, durante a 3ª Feira Literária da Academia Lavrense de Letras, de 2024, promovida pela Academia Lavrense de Letras - ALL. Seus poemas têm como tema principal as mulheres: mulheres simples, que lutam para sobreviver no dia a dia, mulheres que são condenadas por suas ações apenas por serem mulheres. Traz ainda, em seus versos a simbologia da bruxa e a ancestralidade da "deusa".
Eu particularmente gostei bastante deste livro que fui lendo a conta-gotas e revisitando algumas partes. Selecionei uma para finalizar esta postagem.
Maria
tarde da noite Maria sai
enfrenta as ruas
os olhares de esgueio
o julgamento alheio
Maria sabe que a caminhada é longa
que há perigos à espreita
e, mesmo temendo, confia
endireita o tronco, respira fundo
floreia e segue
espanta o medo, segura a fé,
enfrenta o mundo
sente na pele o preconceito,
o machismo, a ignorância
sente no corpo a sede,
a fome e o cansaço
Maria segue
Maria resiste
Maria vence
Um comentário:
Natania,
Você lembra a influência da professora Terezinha Meneguite, irmã do amigo Luiz Otávio, na sua vida.
São lembrancas assim que me fazem ter um profundo respeito pela figura do(a) prifesso(a).
Um abraço
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