
Minha primeira postagem do ano vai ser sobre uma HQ
que eu comecei a ler justamente no dia 1º de janeiro, e com certo atraso, devo
dizer. É a HQ "Madeleine, resistente: a rosa engatilhada". Trata-se
de uma HQ criada a partir das memórias da poetisa e jornalista (correspondente
de guerra) Madeleine Riffaud, uma jovem que, em 1942, aos 18 anos, e sofrendo
de tuberculose, desafiou a ocupação nazista na França, lutando da resistência. Tinha
tudo para dar errado, não é? Uma menina frágil e ainda por cima doente,
disposta a encarar um dos momentos mais difíceis da história da humanidade. Mas
olha, ela conseguiu, tanto que viveu para contar a sua história por meio dos
quadrinhos.
Madeleine, resistente é uma série em quadrinhos que teve seu primeiro volume publicado no Brasil em 2023. Esta série é ressoldado de um trabalho conjunto entre Madeleine Riffaud, Dominique Bertail, Cartunista e colorista francês, e do roteirista francês Jean-David Morvan. É uma autobiografia, um registro histórico da vida de Riffaud que está fazendo muito sucesso em todo o mundo.

Madeleine Riffaud nasceu em 23 de agosto de 1924 é
filha de professores. Ao se unir à resistência adotou o codinome
"Rainer", em homenagem ao poeta alemão Rainer Maria Rilke. Ela participou das
ações das “Forças do Interior Francesas” em várias operações contra as forças de
ocupação nazistas. Em 23 de julho de 1944, ela ficou famosa pelo assassinato de
um oficial alemão, em plena luz do dia. Presa e torturada ela foi liberada e retomou
suas ações junto à resistência, até o final da guerra. Como jornalista, ela se
envolveu na frente de descolonização, tendo presenciado, e relatado como
jornalista, a guerra da Indochina, da Argélia e do Vietnã. Só por essa
biografia resumida dá para ver que Madeleine Riffaud tem muita história para
contar.
Eu tive contado com a HQ Madeleine, resistente,
pela primeira vez, em janeiro de 2023, durante o 50º Festival de BD de
Angoulême, na França. Sobre ela foi montada uma maravilhosa exposição sobre a
HQ e a própria Madeleine. Foi uma das exposições que que mais gostei em todo o
festival. Não apenas pela forma como a HQ foi exposta mas, principalmente,
porque foi uma exposição montada a partir do ponto de vista da História.





Mais
do que promover a HQ a exposição, na minha interpretação, foi pedagógica,
mostrando não apenas uma parte da guerra que poucos vivenciaram como, também,
um exemplo de empoderamento feminino, a partir das experiências de Madeleine.
Posso dizer que conheci Madeleine Riffaud antes de
ler a HQ e, por isso, eu acabei lendo e me interessado ainda mais pelo tema da
resistência, que eu já havia trabalhando um tanto quanto superficialmente em
outros momentos. Para quem gosta do assunto, a leitura desta HQ é mais que
recomendada. O segundo volume deve sair agora em 2024, em português. Uma coisa
que eu gostei muito foi a história “bônus” no final da HQ, que consta como o
projeto começou, na forma de quadrinhos