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Recentemente eu me converti a uma fã de doramas
(séries dramáticas orientais), dos mais variados tipos. Sim, porque há muitos deles, em
gêneros narrativos diversos. Eu tinha, a princípio, algum
preconceito, que foi rapidamente superado quando assisti à primeira série, no
Netflix. Posteriormente, percebi que os doramas iam muito além de romances e dramas. Há
ótimas produções de fantasia, ficção científica, comédias, suspense e aventura.
Também me surpreendi com a qualidade dos atores, dos mais jovens aos veteranos.
Além disso, tem sido uma experiência enriquecedora conhecer aspectos de outra cultura que é ao mesmo tempo distante e familiar. Do
ponto de vista intelectual, também me sinto estimulada. Tenho notado a forma
como os doramas se apropriam da linguagem dos quadrinhos e, em muitos casos, os
trazem diretamente para dentro das tramas. Muitos são baseados
em webtoons ou manhwa, forma como são chamadas as histórias em
quadrinhos sul coreanas, que diferente dos mangás são lidos da forma ocidental
(à esquerda para a direita).
É
perceptível a influência dos quadrinhos nos k-dramas (doramas
sul-coreanos). Creio, inclusive, que seja relativamente maior que a
estadunidense, que tem investido proporcionalmente mais no cinema do que em
séries, que em muitos casos pegam carona em filmes de sucesso. Nos últimos 10
anos, por exemplo, no caso da Marvel, as séries vieram como subproduto do
sucesso dos filmes. Além disso, em sua grande maioria, são séries baseadas em
quadrinhos de superaventura e ação, não variando muito para além destes dois
gêneros.
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A série se passa em "dois mundos" (como o título em português), o dito
"real" e dos manhwa. Ao fazer isso ela não apenas vai trazer os
quadrinhos para dentro da televisão, sem recorrer para aminação, como vai
dialogar com eles. Daí entra a metalinguagem. Ao decorrer da série os próprios
personagens vão analisando a lógica pela qual a narrativa dos quadrinhos de
desenrola. São os quadrinhos (ou seus personagens) falando sobre sim mesmos.
O resultado é uma narrativa dinâmica que consegue se manter até o final de 16
episódios, que duram cerca de uma hora cada. Tanto a forma como os quadrinhos
são inseridos como objeto e a forma com se cria todo um discurso narrativo em
torno assumem uma forma de hibridismo cultural, conceito explorado por Peter
Burke. No caso de "W", temos duas formas de narrativa sequencial que
se unem em uma só, gerando um produto completamente novo.
Embora a linguagem televisiva prevaleça ela fica atrelada à
linguagem dos quadrinhos, o que é reforçado pelo uso da metalinguagem, do
início ao fim da série. Claro, esta é uma análise bem superficial que pretendo
desenvolver melhor no futuro.
No que diz respeito à produção em si, temos um
trabalho de boa qualidade, com uso de bons efeitos especiais e que aproveitou
muito bem seus atores, dos protagonistas os atores Lee Jong-Suk (Kang
Cheol) e Han Hyo-joo ( Oh Yeon-joo) aos coadjuvantes. Para quem ficou curioso, esta série está disponível no Rakuten Viki, gratuitamente (se você tiver paciência para os intervalos comerciais).
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