Há pouco tempo eu estava dando e eis que surge o nome de Carlos Luz, nomeado interinamente Presidente da República até a posse do novo presidente, eleito pelo pleito de 3 de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek, mas deposto cerca de dois dias depois. Perguntei aos meus alunos: “Vocês sabem quem foi Carlos Luz”? O silêncio foi total. Então, eu fiz minha parte e disse que ele tinha sido um político brasileiro, que havia morado em Leopoldina e que tínhamos até uma estátua e uma rua em homenagem a ele.
No entanto, naquele momento, eu percebi que também não sabia muita coisa sobre este personagem importante da nossa história local. Minha querida ex-professora de especialização, Claudia Viscardi, talvez dissesse nesta hora que eu me concentrei tanto em estudar José Monteiro Ribeiro Junqueira, que esqueci que Leopoldina produziu outros políticos que conquistaram certo prestígio no Estado e na Federação. Por esta razão eu fiz o que todos fazem em tempos de globalização: uma pesquisa na internet.
Assim, as linhas que se seguem não são exatamente uma pesquisa historiografia – isto eu pretendo fazer a partir dos dados que recolhi através desta primeira investida -, mas de uma tentativa de reunir o maior número possível de dados sobre este político a fim de disponibilizá-los em um só lugar para pesquisas escolares e como forma de aglutinar mais informações sobre Leopoldina.
Carlos Coimbra da Luz não era mineiro. Nasceu na cidade de Três Corações (MG). Foi um político brasileiro; presidente interino da República por três dias, de 8 a 11 de novembro de 1955. Advogado, era casado com Graciema Junqueira. Iniciou sua carreira política como vereador em Leopoldina (MG), cidade da qual se tornou prefeito (1923 - 1932). Foi secretário de Agricultura, Viação e Obras Públicas de Minas Gerais (1932 - 1933), secretário do Interior do mesmo estado (1933 - 1935), deputado federal (1935 - 1937) pelo Partido Progressista de Minas Gerais (PP-MG) e presidente da Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro (1939 - 1946). Eleito deputado constituinte na legenda do Partido Social Democrático (PSD) em 1945, não chegou a tomar posse, pois foi nomeado ministro da Justiça e Negócios Interiores no governo de Eurico Gaspar Dutra (1946). Substituído no ministério, reassumiu seu mandato, reelegendo-se deputado federal pelo PSD nas legislaturas seguintes (1947 - 1961).
Assumiu a presidência da República por ser presidente da Câmara dos Deputados, em função do afastamento, por motivos de saúde, do presidente Café Filho (vice-presidente de Getúlio Vargas, que cometera suicídio no ano anterior). De acordo com a Constituição de 1946, o presidente da Câmara dos Deputados exerceria a presidência da República na ausência do titular do cargo e de seu vice-presidente. Assim, na qualidade de presidente da Câmara, Carlos Luz assumiu interinamente a presidência da República em 9 de novembro de 1955, como substituto legal de Café Filho, afastado da chefia do governo.
Após a vitória de Juscelino e João Goulart, desencadeou-se uma campanha contra a posse. No início de novembro de 1955, faleceu o presidente do clube militar – general Canrobert Pereira da Costa, um dos mais destacados conspiradores contra Getúlio. Em seu enterro, o coronel Birraria Mamede, atacou os interessados em defender aquilo que ele chamava de “mentira democrática”, referindo-se à eleição de Juscelino.
O General Lott, Ministro da Guerra desejava punir o coronel e limitar a politização das forças aramadas, mas só quem podia fazer isto era o Presidente da República. Com o abandono de Café Filho - por problemas de saúde - , Carlos Luz assumiu interinamente a presidência da República. Como ele se recusou a punir o coronel, Lott demitiu-se do Ministério da Gerra. A partir daí, ocorreu o chamado golpe preventivo, uma intervenção militar para garantir a posso do presidente eleitor e não para impedi-la.
Assim, em 11 de novembro de 1955, Carlos Luz foi deposto, sob a alegação de que estaria ligado a conspiradores que queriam impedir a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Carlos Luz ainda refugiou-se no cruzador Tamandaré, de onde tentou organizar a resistência, mas, ainda em 11 de novembro, por decisão do Congresso Nacional, foi considerado impedido, e substituído no cargo por Nereu Ramos, presidente do Senado. O navio foi alvo de disparos pela artilharia do exército porém não revidou devido a solicitação de Carlos Luz. A presidência foi, assim, entregue ao presidente do Senado Federal, Nereu Ramos. Carlos Luz faleceu no Rio de Janeiro, em 9 de fevereiro de 1961.
Fontes:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 4ª ed. - São Paulo: Editora Universidade de São Paulo: Fundação para o desenvolvimento da educação, 1996, p. 421
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 4ª ed. - São Paulo: Editora Universidade de São Paulo: Fundação para o desenvolvimento da educação, 1996, p. 421
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