Viagem
(Miguel Torga)
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos.)
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Em Leopoldina ocorreram comemorações pelo centenário do nascimento do poeta Miguel Torga, contanto com a presença do mestre em Teoria da Literatura da UFJF, Marcos Vinícius Ferreira de Oliveira, do mestre em Estudos Literários da UFES, Tavares Barbosa, da doutora em Lingüística pela PUC do Rio de Janeiro, Begma Tavares Barbosa - que participaram de uma mesa redonda no Cefet, no dia 22 de novembro - e escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras, Antonio Olinto – que realizou uma palestra na Escola Estadual Professor Botelho Reis, no dia 05 de dezembro. Os eventos tiveram o apoio da OSCIP Felizcidade, que vem já há alguns anos desenvolvendo projetos que visam resgatar nossa identidade histórica e cultural.
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha (São Martinho de Anta - Vila Real, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995), foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX. Filho de gente humilde do campo, emigrou para o Brasil em 1920, com doze anos, para trabalhar na fazenda do tio, na cultura do café. O tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais, em Leopoldina, Zona da Mata de Minas Gerais, tendo estuda no Ginásio Leopoldinense, escola na época particular, que hoje pertence ao Estado de Minas Gerais e tem o nome de Escola Estadual Professor Botelho Reis. Viveu em Leopoldina, até os 18 anos, e ali escreveu os primeiros poemas, inspirados em Casimiro de Abreu.
Regressando a Portugal, completou em três anos o curso dos liceus, matriculando-se depois na Faculdade de Medicina de Coimbra. Formou-se médico, mas acabou ficando conhecido pela sua poesia, que o tornaria um dos ícones da literatura mundial. Foi o primeiro vendedor do Prêmio Camões e chegou a ser condidato ap Prêmio Nobel, com grande chances de vencer.
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza. Amava especialmente as montanhas. Escreveu perto de 80 livros. Contos, romances, poesia, teatro, ensaios, só de "Diários" publicou 16 volumes.
Comemorar o centenário de Torga, em Leopoldina, é não apenas relembrar o tempo em que este grande poeta aqui esteve, mas estimular os leopoldinenses a conhecerem um pouco mais do seu passado e da importância que esta terra teve para outras pessoas. Durante sua palestra, Antônio Olinto afirmou que:
“Nesta cidade ele deixou sua memória, nesta cidade ele ganhou sua inspiração para tudo que fez depois Das montanhas desta cidade ele tirou tudo que ele fez porque eram as montanhas da cidade de. Eu hoje vendo as cidades ao meu redor, eu tenho certeza que Torga foi Torga por que foi português, porque estudou e teve inspiração, mas porque ele pegou sua raiz nesta terra chamada Leopoldina.”
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