Imagem capturada em: https://blog.myheritage.com.br/2019/10/preservando-cartas-antigas-de-familia/ |
Em tempos de pandemia nós temos
poucas opções para passar o tempo. Fazer a limpeza de um armário, colocar as
coisas em ordem dentro de casa, ler um livro e assistir televisão são algumas
das coisas que certamente à maioria das pessoas que tem uma casa para estar (não
podemos nos esquecer dos milhões, sem teto e até sem pátria que estão
espalhados pelo mundo, vivendo ao relento ou em barracas improvisadas). Outras
pessoas, como eu, estão usando seu tempo para escrever.
Estou postando praticamente todos os
dias nos meus blogs, além de escrever textos técnicos para os congressos
adiados dos quais eu irei participar quando a crise acabar. Mas ontem, depois
de assistir a um filme, daqueles bem bobinhos para passar o tempo, eu fiquei
com vontade de fazer outra coisa: escrever cartas.
Foi algo que me veio depois de uma cena
na qual o protagonista abre uma caixa cheia de correspondências antigas. Eu mesma
tenho uma assim, guardada no fundo de um armário. Cartas e cartões que eu
recebi durante minha juventude, antes dos e-mails e das redes de mensagens
rápidas. Subitamente me veio o desejo de pegar uma folha de bloco e escrever
uma carta.
Uma carta para os alunos que eu já tive
e que ainda quero ter.
Uma carta para as pessoas em risco que
eu ignorei nas ruas.
Uma carta para a natureza tão
maltratada pela humanidade.
Uma carta para as mulheres e crianças
vitimas de abusos.
Uma carta pra os desabrigados e para os
refugiados.
De repente me bateu uma vontade imensa
de dizer a eles como me sinto das minhas preocupações, dos meus sonhos e dos
meus arrependimentos. Cartas que eu nunca vou enviar, mas que vão ser os
testemunhos físicos daquilo das minhas expectativas, dos arrependimentos e
sonhos acumulados ao longo de décadas.
Eu quero escrever cartas, mesmo que
elas nunca sejam lidas.
É um sentimento melancólico, eu
reconheço, mas que me trouxe certo conforto. Escrever de próprio punho cartas
que eu espero poder reler daqui a uma década e colocar frente a frente o Eu do
passado com o Eu do futuro.
Fica aqui meu convite para quem quer
preencher o tempo durante a quarentena: vamos escrever cartas?
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