Esta semana eu fui convidada para fazer uma pequena apresentação para os
alunos do 2º ano do ensino fundamental sobre a História de Leopoldina (MG), afinal, estamos
comemorando os 164 anos de emancipação do nosso município.
Uma das perguntas que as crianças sempre fazem é se a Princesa Dona Leopoldina Teresa Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon (1847-1871), filha caçula do Imperador D. Pedro II (neta da Imperatriz Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, no Brasil Maria Leopoldina, a primeira esposa do imperador D. Pedro I e mãe de D. Pedro II), esteve em Leopoldina.
Uma das perguntas que as crianças sempre fazem é se a Princesa Dona Leopoldina Teresa Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon (1847-1871), filha caçula do Imperador D. Pedro II (neta da Imperatriz Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, no Brasil Maria Leopoldina, a primeira esposa do imperador D. Pedro I e mãe de D. Pedro II), esteve em Leopoldina.
A resposta para essa pergunta é não.
Após a apresentação, uma mãe questionou isso novamente com uma
das professoras, afirmando que a princesa veio sim, acompanhada de D. Pedro II,
e que há fontes que comprovam isso. Chegou até a citar um memorialista famoso, que escreveu sobre a nossa cidade, para reforçar seus argumentos. Como eu tenho o livro, fui conferir e não encontrei nada. Assim como nunca esbarrei com nenhuma fonte bibliográfica ou documental que faça alusão a isso.
Este tipo de situação acontece com frequência comigo e acredito que com professores do Ensino Fundamental, nos primeiros anos, mais anida. Resolvi apresentar, então, alguns fatos que vão ajudar os professores e professoras a responder a esta pergunta com facilidade e segurança.
Este tipo de situação acontece com frequência comigo e acredito que com professores do Ensino Fundamental, nos primeiros anos, mais anida. Resolvi apresentar, então, alguns fatos que vão ajudar os professores e professoras a responder a esta pergunta com facilidade e segurança.
No ano de 1854, por época da emancipação de
Leopoldina (MG) e da elevação do arraial a vila, o novo município foi nomeado de
Leopoldina para homenagear a princesinha, que naquela época tinha apenas sete anos de
idade. Existe um história folclórica (passada de boca em boca) de que a princesa esteve aqui por época da emancipação e por isso o município levava seu nome.
Algo bem improvável, a começar por conta do acesso. A ferrovia só começou a operar na nossa região em 1874. Até então a viagem da Corte (Rio de Janeiro) para Leopoldina (MG), era realizada de forma precária, por estrada. Além disso, qual seria a motivação para que Dom Pedro II submetesse sua filha caçula a uma longa viagem para uma localidade pouco conhecida e de povoamento recente? Eu não consigo encontrar nenhuma.
Por que da homenagem, então? A escolha do nome do município teve, provavelmente, motivações políticas. Nomear um recém criado município, no interior de Minas Gerais, com o nome da filha do Imperador dava à localidade visibilidade na Corte, isso muito antes do município começar a se destacar com a produção de café.
E aqui temos uma informação que talvez seja mais preciosa para os professores de Leopoldina. A Princesa Leopoldina, dez anos depois, casou-se no dia 15 de dezembro de 1864 com Luís
Augusto Maria Eudes de Saxe-Coburgo-Gota, Duque de Saxe e Coburgo, tendo partido
do Brasil para viver com o marido na Áustria, onde veio a
falecer ainda muito jovem, em 1871.
Muitos leopoldinenses afirmam categoricamente que a Princesa Leopoldina teria visitado o nosso município em 1881, juntamente com seu pai, Dom Pedro II, algo improvável pois, como vimos, a princesa já havia falecido há mais de uma década. Quem acompanhou o Imperador na viagem que fez durante 36 dias pelo interior de Minas Gerais foi a Imperatriz Dona Tereza Cristina. Citanto o memorialista Barroso Junior:
"(...) no dia 30 de abril, Leopoldina marcava nos seus faustos a visita altamente desvanecedora das Suas Majestades Imperiais D. Pedro II e D. Cristina que em sua pequena comitiva, concluíram naquela cidade, sua longa peregrinação pela província de Minas."
JUNIOR, Barroso. Leopoldina e seus primórdios. Leopoldina, 1943, p. 51.
Situações assim, acredito eu, reforçam a necessidade de se ensinar e estudar História Local nas escolas. Os professores precisam estar informados e instruídos sobre o tema para que possam ter mais segurança ao discorrerem sobre ele. E quando digo isso não estou de forma alguma desqualificando o trabalho docente, mas chamando a atenção para o fato de que há necessidade de investir na formação, na produção de material didático e na atualização dos nossos profissionais.
Afinal, não se pode exigir dos nossos professores e professoras um conhecimento ao qual eles e elas não se têm o devido acesso.
Afinal, não se pode exigir dos nossos professores e professoras um conhecimento ao qual eles e elas não se têm o devido acesso.
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Para saber mais sobre a Princesa Leopoldina, clique aqui.
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