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Imagem capturada em: https://blog.yubb.com.br/cursos-gratuitos-sobre-investimentos/ |
Deixei bem claro o objetivo desta postagem no título: quero
compartilhar a minha experiência recente com aulas remotas algo que,
sinceramente, nunca imaginei que teria que fazer. Já de início eu registro meu
respeito aos professores que trabalham com EAD. Realmente não é fácil e requer
um preparo tão grande quanto uma aula presencial, dependendo do caso, ainda
maior.
No momento, é o que podemos fazer para tentar não perder o ritmo
do trabalho, enquanto dura a quarentena. Vou tentar não tomar partido a favor
ou contra as aulas remotas. Vou me limitar a, a partir da minha experiência
recente, deixar aqui o que eu tenho achado que funciona e as dificuldades que
tenho enfrentado no dia a dia.
Não tem aquele ditado: se a vida lhe dá limões, faça uma limonada?
Pois ele tem sido meu mantra.
Minhas aulas remotas começaram há cerca de um mês
e tenho vivenciado duas realidades diferentes: aquela da escola particular, na
qual os alunos têm acesso a uma internet de melhor qualidade (pelo menos em
tese); a realidade da escola pública, na qual os alunos estão usando celulares
que nem sempre tem uma configuração adequada e acesso a uma boa internet.
Estou atendendo a um total de 11 turmas, com alunos entre 11 e 18
anos de idade. O formato das aulas muda de acordo com a realidade da escola,
assim como as ferramentas que estão sendo utilizadas. Vou falar um pouco de
cada uma delas e de como estou tentando me adequar.
Vou colocar algumas dificuldades gerais, no meu caso em
particular. A primeira é a grande quantidade de informação que recebo todos os
dias. Foram criados grupos no whatsapp, nas duas escolas, para comunicação
entre professores e com a direção e coordenação das escolas. O volume de
mensagens que chega é assustador e eu, sinceramente, não dou conta de ler e
responder a tudo. Regularmente eu tenho recorrido à coordenação e supervisão,
em privado, para tentar tirar dúvidas e me manter atualizada. Há ainda uma
grande quantidade de e-mails, muitos com textos e tutoriais que nem sempre dou
conta de ler no dia que recebo e acabo abrindo no final de semana, mas nem
sempre consigo ler tudo.
Nos primeiros quinze dias eu participei de até duas reuniões por
videoconferência por semana, fora treinamentos que foram realizados online para
que professores pudessem usar de maneira adequada as ferramentas digitais
disponíveis. Eu tenho algum conhecimento e alguma prática na área, mas muita
coisa eu não sabia. Neste ponto, sou grata pelo esforço da escola e dos colegas
em tentar auxiliar ao máximo possível para que meu trabalho pudesse ser
realizado com menos tropeços.
E olha, tem que ter muita paciência. Alguns colegas
usavam pouco a internet e aplicativos do Google, por exemplo, e tiveram mais
dificuldades em se adequar. Coisas simples, como fazer transferência de
arquivos grandes ou postar um vídeo no Youtube, foram um desafio para muitas
pessoas. Os professores que se disponibilizaram a ajudar, montar tutoriais e a atenderem os outros colegas individualmente mesmo nos fins de semana, estão de parabéns, dando um show de profissionalismo.
Eu confesso que levei uma surra para usar o drive, postar e
compartilhar documentos na nuvem. Eu realmente não tinha ainda feito isso.
Também nunca tinha participado ou organizado videoconferências, ainda mais com
30 pessoas participando. E vejam só, estou fazendo isso todos os dias, e com
uma habilidade que eu nem imaginava que poderia ter.
Na escola particular temos parceria com o Google, então estamos
usando o Google Sala de Aula e o Meet. São ferramentas fantásticas que,
particularmente, eu pretendo continuar utilizando mesmo após o final da
quarentena. O Google Meet tem me possibilitado levar para as aulas professores
convidados que estão ajudando a enriquecer o conteúdo das aulas.
Por exemplo,
quando terminei de dar o conteúdo sobre Renascimento Cultural, convidei um
amigo do Espírito Santo para uma das aulas e ele deu uma palestra sobre outras
formas de expressão artística que também marcaram o Renascimento, como o
“grotesco”, complementando aquilo que já havíamos visto e acrescentando algo
que não vai ser encontrado no livro didático.
Já na escola pública é um pouco mais difícil, pois os recursos são
mais limitados. As aulas estão sendo realizadas via whatsapp. Foi meio
assustador no primeiro dia. O que eu deveria fazer? Bolei a seguinte
estratégia. Como não posso usar videoconferência, passar slides ou coisas do
tipo, eu usei meu Google Meet para gravar as aulas, com 20 a 25 minutos de
duração, e disponibilizá-las no Youtube. Faço uma introdução do conteúdo,
disponibilizo para os alunos e, a partir dele, tiro as dúvidas que por ventura
eles tiverem.
Por exemplo, preparei um vídeo no qual eu expliquei e mostrarei slides
sobre República da Espada, postei no Youtube. Os alunos assistiram, nós
comentamos e, na outra aula, eu apresentei um texto sobre o conteúdos, fizemos
atividades e eu as corrigi com eles em tempo real no whatsapp.
Faço a correção das atividades de duas formas:
coloco a resposta por escrito e comento por áudio. Os alunos ficam a vontade
para perguntar e enviar suas próprias respostas. Não estou utilizando, neste
momento, o livro didático com os alunos da escola pública, mas recebemos esta
semana um plano de estudos tutorado que foi preparado pelo governo, para cada ano
do Ensino Fundamental II.
Até o momento, apesar das limitações, tem dado certo. Naturalmente, as dificuldades
existem. Alguns alunos não conseguiram acessar o vídeo no Youtube, pois sua
internet ou seu celular não suportavam, mas como conteúdo foi revisto em forma
de texto e de atividades, eles foram compensados. Foi feito o mesmo com outras
turmas de outros anos do Ensino Fundamental II.
Isso me preocupou muito no início, o fato da internet de muitos
estudantes não ser potente o suficiente, mas depois eu consegui ir me ajustando.
As dificuldades aparecem todos os dias, mas é compensador quando
funciona bem. Na minha segunda aula, por exemplo, um aluno enviou uma mensagem
privada dizendo que tinha gostado muito e que havia conseguido entender bem a
matéria. Isso me deu mais segurança para as aulas seguinte. Além disso, foi possível fazer videoconferência com alunos do 9º ano, sem nenhum problema. Também recebi
criticas de pais, em privado (porque agora meu whatsapp é público,
praticamente), o que foi positivo, porque me permitiu repensar minha prática e
repensar minha estratégia.
A princípio eu me preocupei, como muitos colegas, com a frequência
dos alunos. Depois deixei isso de lado. Por quê? Ora, eles estão em casa, com
suas famílias. A participação nas aulas (que seguem o horário regular da escola),
e o cumprimento das tarefas propostas passaram a ser cada vez mais uma
responsabilidade das famílias. Pais, mães e outros responsáveis que estão ali, ao lado
deles e delas, durante a quarentena. Tendo isso em mente faço o melhor que
posso com as ferramentas que tenho, mas com a consciência de que nem eu ou a escola
podemos arcar sozinhos com a responsabilidade pelo ensino.
Acho que o maior desafio talvez seja a avaliação. A forma
tradicional de avaliação que utilizamos até hoje vai ter mudar. Vamos ter que
criar novas estratégias que , acredito, devam ter continuidade com o fim da
quarentena. Quais? Aí vai depender de cada professor. Eu, por enquanto, estou
experimentando incentivar debates, a produção de textos, pesquisas em arquivos
digitais, etc. Ainda não tenho resultados concretos para compartilhar.
Outra coisa que tem acontecido é que eu estou ficando mais disciplinada. A quarentena tem me feito ser mais organizada e acredito que os alunos, e
mesmo os pais, também estejam revendo suas rotinas. Não me surpreenderia em saber que alguns estudantes, que antes eram resistentes em fazer atividades, estejam
se dedicando mais aos estudos até para combater o tédio do isolamento, assim
como muitos pais e responsáveis estão conhecendo melhor suas crianças.
Acho que muita que muita coisa positiva pode vir deste momento de
crise, para aqueles que estão tendo que se sujeitar ao home Office. Acho,
também, que a sociedade global vai ter que reinventar as formas de
socialização. A escola deve retornar fortalecida como instituição e espero que
os profissionais do ensino, assim como os da saúde e de tantas outras áreas
muitas vezes negligenciada possam receber o devido reconhecimento. Também acho
que as famílias serão afetadas pela proximidade, e espero que os laços entre pais e
filhos sejam reforçados assim como o compromisso das famílias com a escola,
enquanto instituição.
Dica: o Google liberou todas as suas ferramentas para quem tem conta, tais como Google Sala de Aula e Google meet.
Dica: o Google liberou todas as suas ferramentas para quem tem conta, tais como Google Sala de Aula e Google meet.
Um comentário:
Parabéns professora, Natanua!
Belíssimo texto que traz uma forma bem didática e dicas como realizar aulas criativas durante a pandemia.
Um abraço
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