Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho Pau d'Arco, Paraíba. De uma família de donos de engenhos, assistiu à decadência da antiga estrutura latifundiária, substituída pelas grandes usinas. Formou-se em Direito, mas preferiu ser professor. Por causa de um desentendimento com o governador, foi afastado do cargo de professor do Liceu Paraibano, onde havia estudado. Mudou-se para o Rio de Janeiro. Lecionou geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor. Em fins de 1913 transferiu-se para Leopoldina, MG, por ter sido nomeado para o cargo de diretor do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira. Morreu nessa cidade, vitimado pela pneumonia, com pouco mais de trinta anos.
Quase toda a sua obra poética está no seu único livro "Eu", publicado em 1912.
A MORTE DE VÉNUS
Augusto dos Anjos
Velhos berilos, pálidas cortinas,
Morno frouxel de nardos recendendo
Velam-lhe o sono... e Vênus vai morrendo
No berço azul das névoas matutinas!
Halos de luz de brancas musselinas
Vão-lhe do corpo virginal descendo
- Abelha irial que foi adormecendo
Sobre um coxim de pérolas divinas.
E quando o Sol lhe beija a espádua nua,
Cai-lhe da carne o resplendor da Lua
No reverbero dos deslumbramentos...
Enquanto no ar há sândalos, há flores
E haustos de morte - os últimos clangores
Da música chorosa dos mementos!
Fonte: blibio.com.br
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