Igreja de Santo Antônio, em Providência (não tenho certeza se é a mesma que recebeu a benção em 1898, preciso verificar). |
Lendo a Gazeta de Leopoldina, de 12 de junho 1898,
deparei-me com um pequeno trecho que falava de uma festa em Providência,
distrito de Leopoldina (MG), para a benção da nova Igreja. As festividades
ocorreram entre 12 e 13 de junho. Segundo a Gazeta, do dia 19 de junho,
trata-se da primeira Igreja do povoado. O jornal dese dia dedicou uma longa
descrição das festividades, em primeira página. Leia um trecho:
(...) Conquanto
de pequenas dimensões, todavia já preenche um fim sobremaneira elevado.
Acha-se
colocada em um ponto belíssimo e fora construída por meio de auxilio dos fieis,
tendo concorrido com o maior óbulo, afinal, o dr. Antônio Pedro, que assumira a
direção dos seus trabalhos, para o que não poupou esforços.
É
S. Antônio seu padroeiro. Ele - que é um santo milagroso por excelência, mede
um metro e é uma imagem perfeitíssima.
A
igreja o obtivera-o, por meio de um ato de devoção, da virtuosa esposa do dr.
Antônio Pedro (...).
(Gazeta de Leopoldina, 19 de junho de 1898, p. 01)
Festas religiosas eram eventos concorridos e que reuniam
pessoas de todos os estratos sociais, dando destaque, claro, aos membros da
elite local. Muitas vezes eles doavam dinheiro para as obras das igrejas,
compravam vitrais, encomendavam e doavam estátuas de santos, como foi o caso da
doação feita pela esposa do dr. Antônio Pedro, cujo o nome não foi
citado.
As mulheres tinha sua identidade sobreposta pela do homem.
Ela era simplesmente a filha do fulano, a esposa do beltrano. Mesmo quando seu
nome é citado, ela ainda fica atrelada à sua condição de esposa ou filha de
alguém. Note que isso ocorre ainda nos dias de hoje.
A missa do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, foi
celebrada pelo vigário Júlio Fiorentini, que, segundo Nilza Cantoni e José Luiz
Machado[1], mudou-se para Leopoldina no ano de 1896 e aqui
viveu até sua morte, em 1924. o Padre Julio Fiorentini foi nomeado o vigário da
Comarca de Leopoldina, criada em março daquele ano, pelo Bispo de Mariana, D. Silvério Gomes Pimenta.
(Gazeta de Leopoldina, 27 de fevereiro de 1898, p. 02).
O distrito de
Providência foi criado pelo Decreto estadual nº 61, de 09 de maio de 1890 e
ratificado pela Lei estadual nº 2, de 14 de setembro de 1891, e anexado
ao município de Leopoldina. Segundo Nilza Catoni, o nome do distrito é
o de uma das fazendas que surgiram ali por volta dos anos de 1830, a partir de
terras que foram doadas para a família Monteiro de Barros. A elas estavam
incluídas, na época da sua criação, as terras do distrito de Santa Izabel,
atual Abaíba[2].
Uma curiosidade é que a Paróquia Santo
Antônio, de Providência, só foi criada em 1914 e época estava subordinada ao bispado de Juiz de Fora de Juiz de Fora. Com a criação da Diocese de Leopoldina, em 28 de março de 1942,
Leopoldina, que estava submetida à Arquidiocese de Mariana, ganha as paróquias
de Argirita e Providência. A elas, posteriormente, uniram-se outras. Outra
curiosidade é que a construção da Catedral de Leopoldina foi uma forma da
diocese, que foi criada durante a II Guerra Mundial, agradecer pelo armistício,
daí o monumento em homenagem à Nossa da Paz, que fica ao lado da Catedral[3].
[1] CANTONI, Nilza. MACHADO, José Luiz. Nossas Ruas, Nossa Gente: Logradouros Públicos de Leopoldina. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/89281432/Nossas-Ruas-Nossa-Gente-Logradouros-Publicos-de-Leopoldina>. Acesso em: 07 jun. 2019.
[2] CANTONi, Nilza. Providência. Disponível em: <http://cantoni.pro.br/blog/2014/05/providencia/>. Acesso em: 08 jun. 2019.
[3] Diocese de
Leopoldina. Disponível em: <http://dioceseleopoldina.com/diocese-de-leopoldina/>.
Acesso em: 08 jun. 2019.
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