quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A carne e o sangue: leitura comentada


Autora: Mary Del Priore
Ano: 2012

É a minha primeira resenha de 2014. Como havia dito em postagem anterior, estou determinada a resenhar das as minhas leituras, uma forma de pensar sobre o que eu li e dividir minhas impressões. 

Esse livro trata do triangulo amoroso envolvendo Dom Pedro I, a Imperatriz Leopoldina e a Marquesa de Santos, amante mais famosa de Dom Pedro I. O título faz uma referência ao dilema vivido pelo Imperador, dividido entre a carne (o amor carnal) e o sangue (o dever para com o Império e a família).

Mas não se trata apenas disso. Como em outros livros, A Carne e o Sangue coloca na mesa a intimidade da nobreza durante o Império, de forma a se construir imagens diferentes dos nossos monarcas e não apenas dele. A mulher está no centro da narrativa. A Imperatriz Leopoldina, influenciada pelo romantismo característico de sua época e devotada ao dever com sua família. Mulher que é afligida pelas mais torpes humilhações, que sofre não apenas violência física por parte do marido, mas também simbólica. Mulher martirizada ao ter uma morte precoce, que acaba comprometendo o próprio Imperador, cuja reputação fica irremediavelmente manchada entre a nobreza europeia e entre seus próprios súditos.

De outro lado, a malfadada Marquesa de Santos, mulher que se entrega à paixão e que desafia os cânones de sua época. Ela não é apenas mais uma amante do Imperador Dom Pedro, mas torna-se figura política influente do Império, colecionando desafetos, esbanjando audácia.  Mulher ambiciosa que não tem medo de lutar pelo que deseja. Domitila não é uma santa e não está disposta a se sacrificar em nome da virtude. É o oposto de Leopoldina.

Domitila, Dom Pedro e Dona Leopoldina
Fonte: http://goo.gl/QYQ2vm 

É um livro que fala das mulheres do século XIX, santas e pecadoras, mulheres que estão presentes não apenas na Corte, mas na sociedade brasileira.

A autora traz à luz a intimidade dos amantes assim como suas desventuras. O pano de fundo é o Primeiro Reinado. A proclamação, a Guerra da Cisplatina, a abdicação. Todos esses momentos se entrelaçam entre as aventuras amorosas do Imperador, seus filhos (legítimos ou bastardos) e as mulheres que marcaram sua vida.

O leitor corre o risco de se identificar com Dona Leopoldina e/ou com Domitila. As fraquezas pessoais e políticas de Dom Pedro I são expostas. A narrativa baseia-se em fontes como memórias, biografias cartas e jornais da época, citando algumas. São desvelados alguns eventos pouco conhecidos que ocorreram na época, como revoltas contra Dom Pedro I.

O livro é de leitura fácil fugindo da linguagem acadêmica que caracteriza muitos dos livros de história que são produzidos por historiares. Aliás, essa é uma característica da autora, que escreve para m público muito mais amplo e ávido por esse tipo de leitura.

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