Acho a questão da formação
de professores uma das mais importantes no momento.
Tanto no que diz respeito à formação de professores de
história (que tem tomado rumos obscuros, com a
falta de profissionais), quanto ao que diz respeito à
pesquisa em história. Sempre defendi que a pesquisa começa na
escola, no dia a dia, incentivando os alunos a ter curiosidade a
entender o que realmente é pesquisar, produzindo conhecimento.
Nada mais dinâmico que o ensino aliado à pesquisa.
O problema é que muitos
pesquisadores (e cursos de
pós-graduação) parecem achar que só se faz pesquisa na academia. Aí
voltamos para a questão da formação: que profissional estamos
formando? Acho que é algo no qual devemos refletir e algo
fundamental, a meu ver para a sobrevivência da história enquanto
disciplina.
Entra aí, também, a questão da
valorização do profissional. Recentemente um aluno do ensino médio me disse que gostaria muito de fazer
faculdade de história, mas como as perspetivas financeiras e a
desvalorização do professor enquanto profissional pesam muito a família quer que ele invista em outra profissão e faça o curso de história quando não precisar se preocupar
com dinheiro.
Talvez isso explique
o porque de muitos cursos fecharem as portas, sem matrículas suficientes no vestibular
para abrirem turma ( o que tem acontecido muito com faculdades particulares) e
porque muitos graduandos tem quase horror quando lhes é sugerido que atuem
na educação básica. Temos uma grande quantidade de doutores se acotovelando por uma vaga na docência superior, ao passo que faltam professores na educação básica.
Eu realmente tenho medo e
sou pessimista com relação ao futuro do ensino de história (e quem me
conhece sabe que pessimismo não combina comigo). Há grupos se organizando em torno do debate de temas como mestrado profissional, que acho muito válido, pois investe na questão da formação; há debates, também, acerca da valorização profissional do professor. No entanto, acho que a sociedade civil ainda não está falando alto o suficiente para que o Estado constituído, que regula profissões, que tem compromisso legal com a qualidade da educação possa ouvir.
Ou talvez ouça e ignore.
O fato é que estamos a beira do precipício: é preciso mobilizar e mudar. É preciso que o professor de história, e o magistério em seu todo, seja valorizado e se valorize. Isso tem que acontecer para que nossos jovens possam investir na sua vocação ao invés de trocar a realização profissional pela segurança financeira.
4 comentários:
Também sou professor de história e não vejo perspectivas melhores nem para o futuro. Basta ver as resistências geradas em torno da proposta de 10% do PIB para a educação. A família de seu aluno está certa. Com essas perspectivas eu também não gostaria que um filho fizesse licenciatura. Pode parecer pessimismo, mas acredito que ainda seja o mais razoável a se pensar.
quando os professores escassearem ainda mais, mesmo com a formação menos onerosa para o Estado da UAB, talvez nossos representantes políticos tomem alguma providência palpável. Tantas coisas a se dizer sobre esse assunto...
Eu vejo o mesmo problema com qualquer licenciatura, mas creio que isso deverá chegar a um ponto em que o professor terá que ser mais valorizado financeiramente, porque faltarão pessoas para atuar. Ninguém quer o filho como professor, mas ninguém quer que o filho não tenha professor. É um paradoxo! BJ!
Marli, comentei isso com uma colega ainda esta semana. Acho que, principalmente na rede privada, os bons professores serão pegos no laço, pq ninguém vai pagar para o filho ter uma formação mediana ou péssima. No caso do Estado, os resultados ruins (não necessariamente das avaliações feitas anualmente mas principalmente a falta de pessoas com o mínimo de conhecimento no mercado de trabalho, em todos os níveis) vão geral alguma reação. Mas acho que isso acontece a médio prazo.
publiquei o texto no meu blog... achei muito bom! nós professores estamos nadando contra a maré! mas precisamos continuar nadando para que nossos alunos possam ter uma formação mais digna de um cidadão!
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