Revendo o livro com os relatórios da Câmara, encontrei várias notas sobre o Theatro Alencar. Elas se referem aos anos de 1923 a 1926, que antecedem à venda do prédio ao sr. Salvador Rodriguez y Rodriguez. Os relatos do Presidente da Câmara, Carlos Coimbra da Luz, falam sobre o estado precário em que o prédio se encontrava e da necessidade de reformas urgentes.
O prédio, na época, estava arrendado para a empresa Arantes & Nogueira e pertencia à Câmara Municipal. O teatro era uma das formas de lazer mais procuradas pela população da cidade, o que pode ser confirmado pela leitura de várias notas lançadas na Gazeta de Leopoldina. e em outros periódicos que circularam em Leopoldina no final do século XIX e boa parte do século XX. O prédio do Theatro Alencar teria sido o primeiro para tal fim -
entretenimento - a ser construído em Leopoldina.
Respondendo aqui a uma questão levantada pela pesquisadora Nilza Cantoni, em texto publicado na Internet (clique aqui para conferir), a estrutura arquitetônica do Theatro Alencar que resiste até nossos dias, foi resultado de reforma efetuada a partir de 1927 por Salvador Rodriguez y Rodriguez, após adquirir o prédio da Câmara Municipal pelo valor de 25 mil réis.
Segundo relatórios da Câmara, o prédio estava em vias de interdição em 1923, tendo sido posteriormente fechado. A princípio parecia intenção do Presidente da Câmara promover a reforma do Theatro Alencar ou construir outro prédio, tendo sido promulgada lei nesse sentido.
No entanto, alegando ônus aos cofres públicos, Carlos Luz acabou por autorizar a venda o edifício, em 1926. Seguem, trechos retirados do relatório do Presidente da Câmara acerca do processo acima descrito.
THEATRO
O velho casar]ao do Theatro Alencar, que é hoje propriedade da Câmara, não satisfaz às exigências dos modernos regulamentos de casas de diversões. Reformá-lo ou substituí-lo por outro é, pois, dever da administração.
Para esse fim, tenho entabolado negociações com a atual empresa arrendatária, que parece disposta a construir novo Theatro, em lugar apropriado, sem ônus para a Câmara, desde que lhe faça esta algumas concessões, conforme se tem praticado em outros municípios. Essas concessões, porém, só poderão ser feitas em virtude de lei e mediante concorrência pública.
Fonte: Câmara Municipal de Leopoldina. Mensagem do Presidente da Câmara Carlos Coimbra da Luz, contendo relatórios referentes ao exercício de 1923. Typ. Gazeta de Leopoldina, Leopoldina, 1924, p. 22.
THEATRO
Por oferecer perigo público, mandei fechar o Theatro Alencar, que se achava arrendado à Empresa Arantes & Nogueira.
A Lei n. 373 de 12 de novembro, deu-me poderes para contratar, com quem melhores vantagens oferecer, a construção, sob moldes modernos, de um prédio para theatro, ou reformar o atual, podendo desapropriar para esse fim os imóveis que forem necessários.
Por motivo financeiro, parece preferível reformar o atual prédio do Theatro, transformando-o convenientemente, de modo que se torne elegante e confortável.
Para isso, será necessário talvez adquirir um dos prédios vizinhos.
Fonte: Câmara Municipal de Leopoldina. Mensagem do Presidente da Câmara Carlos Coimbra da Luz, contendo relatórios referentes ao exercício de 1924. Typ. Gazeta de Leopoldina, Leopoldina, 1925, p. 32
THEATRO
Por ter sido fechado o Theatro Alencar, em virtude de vistoria realizada no mesmo, a requerimento da empresa arrendatária, está a cidade, há dois anos, privada dessa casa de diversões. não pode a Câmara, sem sacrifício de outros serviços urgentes, custear as despesas de reforma do prédio.
Mandei projetar e orçar as obras mais necessárias do mesmo e penso em abrir concorrência pública para a respectiva execução, mediante concessão de vantagens ao concorrente aceito, quando à exploração do Theatro.
Fonte: Câmara Municipal de Leopoldina. Mensagem do Presidente da Câmara Carlos Coimbra da Luz, contendo relatórios referentes ao exercício de 1925. Typ. Gazeta de Leopoldina, Leopoldina, 1926, p. 42
THEATRO
De acordo com a vossa autorização, expus à venda em hasta pública, o prédio do Theatro Alencar, a fim de ser reconstruído pelo arrematante, para o mesmo destino.
Aceita a proposta do sr. Salvador Rodriguez y Rodriguez, assinou-se , a 11 de agosto, a respectiva escritura de venda, pelo preço de 25 contos de réis, manifestamente vantajoso para o município.
A cidade ficará, destarte, dotada de uma boa casa de diversões, sem ônus para a Câmara.
Fonte: Câmara Municipal de Leopoldina. Mensagem do Presidente da Câmara Carlos Coimbra da Luz, contendo relatórios referentes ao exercício de 1926. Typ. Gazeta de Leopoldina, Leopoldina, 1927, p. L
2 comentários:
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Abraços!
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