segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Comentário do professor Oazinguito Ferreira da Silveira Filho sobre ensino de História Local


Gostei tanto do depoimento do professor/pesquisador Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, que foi postado na rede social Café História, que pedi autorização a ele para reproduzí-la e ele permitiu.

"Vivo e respiro a história local em sala-de-aula desde 1980 quando propus as escolas em que eu lecionava, a introdução de relações entre o processo de história do Brasil com o de nossa História Local (Petrópolis), fui estimulado por muitos e criticado por outros. Já sofria neste período por outras condições políticas, mas fui adiante em meu projeto e consegui submeter às coordenações dos cursos de formação de professoras na época que seu programa de história comportasse um currículo mínimo especifico de história local, para tal realizamos o primeiro encontro de história local destinado ao ensino de história especificamente para professoras do extinto primário (ensino fundamental) isto em 1982.

Sua divulgação pelo extinto Jornal dos Sports do Rio de Janeiro trouxe curiosos para a serie de palestras no Colégio Werneck na época. Entre os especialistas locais o próprio diretor do Museu Imperial foi um dos mais importantes palestrantes e que difundiu na época a relação entre a estrutura pedagógica do Museu Imperial com as novas professoras. Os membros do IHP (Instituto Histórico de Petrópolis) também estavam presentes com suas palestras.
Considero que foi um momento único na dimensão da História Local em uma época onde discutia-se plenamente as revisões da História do Brasil e seus novos processos.

Porém por questões particulares quanto ao dimensionamento da educação em uma cidade que crescia, passamos a ter inúmeros contratempos que muito me atordoaram e afastei-me do projeto refugiando-me na sala-de-aula.
Neste hiato, um vereador astuto e oportunista lançou um projeto de lei que foi encampado, este criava a disciplina de HGTP, foi criada pela lei de 20 de dezembro de 1984, publicada pelo Diário Oficial em 29-12-1984 e que incluía uma vertente para o estudo oficial da Educação para o Trânsito,muito criticada pelos estudiosos e defensores da história local e que foi estabelecida pela Lei Orgânica dos Municípios no.4259, de 16-10-1984, regida pelo Capitulo VI, artigo 74, em seus parágrafos 1o e 2o do Código de Transito Brasileiro, em sua Educação Nacional para o Trânsito.

Tudo para ser inserido em um programa de uma aula por semana, e lecionado por um professor que deveria ser considerado especialista (somente na 5a. serie).
Mas, não teria de ser assim como foi introduzido no ensino local. O ensino e estudo da História Local poderia ter seguido outros parâmetros pedagógicos na organização curricular dos alunos do fundamental em nosso município, como o fato de se dissociar das vertentes. Critiquei amplamente pela mídia local, mas o politicismo local prevaleceu e continuei afastado da história local. Eventualmente publicava algum ensaio de história local, mas não com a constância que se realizava pelas páginas dos jornais na época.

Filhos e diversas escolas, sobrevivência difícil, fizeram meu momento de ausência. Retornei às pesquisas ao final dos anos 90 e ensinando a famigerada HGPTT, porém segundo minhas condições e não especificamente as curriculares, publicava ensaios e artigos e até hoje me encontro permeando a história local ao programa curricular oficial, claro que não encontramos mais obstáculos, talvez por minha idade e tempo no magistério no município, mas por um encontro que mudou minha visão sobre a educação, um encontro de novos professores do Estado com Darci Ribeiro que me estimulou no desenvolvimento do processo educacional de história local como encontro com a aprendizagem e principalmente com o descobrir do mundo imediato para o aluno que nos ‘visitava’, sedento por saber algo diferenciado."

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