Chegou ao fim a I Olimpíada Nacional de História, que contou com a participação de milhares de estudantes. Já há planos para outra edição em 2010.
Adriano Belisário
Cinco fases, quatro meses de competição, 16 mil inscritos, 300 finalistas e 36 equipes vencedoras. São apenas alguns dos números de um torneio que já nasceu histórico. Reunindo centenas estudantes e professores na cidade de Campinas (SP), a I Olimpíada Nacional de História teve sua grande final e a premiação dos ganhadores nos dias 12 e 13 de dezembro.
A primeira olimpíada científica do país na área de ciências humanas causou grande mobilização entre os estudantes e mostra que outras iniciativas como esta podem dar certo. “Eles ficavam no laboratório de informática tentando responder às perguntas e, ao final do dia, eu ia para sanar algumas dúvidas. O envolvimento era tão grande que algumas vezes saímos 20h ou 21h da escola”, conta Eder Mendes, professor da equipe ‘Identidade e Diferença’ da escola SESI-SENAI (Goiás), que foi uma das vencedoras da competição. O sucesso do evento foi tamanho que a organização já prepara outra edição para o ano que vem.
Por se tratar de uma iniciativa pioneira, a produção da Olimpíada teve que fazer tudo a partir do zero. Segundo Cristina Meneguello, historiadora da Universidade Estadual de Campinas e uma das organizadoras do torneio, a divulgação científica na área de ciências humanas está apenas engatinhando no Brasil. “Basta ver as revistas científicas de grande circulação, que reservam para esses eventos um espaço mínimo, geralmente “decorativo”, de “curiosidades”, critica.Porém, a falta de precedentes também pode ter permitido uma maior liberdade na elaboração da Olimpíada. Nas fases com questões de múltipla escolha, por exemplo, a organização optou por uma estratégia incomum: colocar mais de uma alternativa correta por pergunta. “Assim, nos libertamos do “certo ou errado”, que funciona tão mal para o conhecimento histórico e contemplamos diferentes interpretações aos eventos históricos. O sucesso foi enorme e os professores reconheceram na hora a qualidade da prova”, explica a historiadora.
Outra ponto de destaque foi a abordagem de temas historiográficos, expandindo para os jovens uma discussão geralmente presa na torre de marfim das Universidades. “Existe a falsa impressão que a historiografia é um tema hermético e que só pode ser trabalhado nos cursos de graduação. Provamos o contrário na Olimpíada. A historiografia não se resume a conhecer diferentes autores e suas interpretações teóricas, o que seria impertinente exigir de um aluno do fundamental ou do ensino médio. A historiografia consiste igualmente em entender o procedimento de indagação que preside qualquer análise de história”, comenta Cristina.
Os métodos foram aprovados pelos professores que orientavam as equipes de estudantes. Segundo Eder Mendes, a disponibilidade dos produtores e a boa organização da Olimpíada também foram cruciais para garantir o êxito do evento. “Conseguimos angariar alunos que não tinham muito interesse, mas depois demonstravam e ficavam super empolgados”, afirma o professor, que vê avanços mesmo após o término da competição. “Foi um ganho muito grande para a disciplina em geral. Eles já estão até me cobrando a participação na Olimpíada do ano que vem”.
Fonte: Revista de História
3 comentários:
Meus parabéns pela classificação de vocês! Gostei da reportagem e da foto do Prof. Luciano Figueiredo, editor da Revista de História da Biblioteca Nacional, entregando um troféu aos participantes. Ele foi meu professor no pós-graduação em História do Brasil na UFF/Niterói, um competente mestre.
Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de paz!
Obrigada, Adinalzir!
E desculpe-me por demorar a responder o comentário.
:-)
Obrigada, Adinalzir!
E desculpe-me por demorar a responder o comentário.
:-)
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