sábado, 16 de novembro de 2024

PROFESSORES DEVEM TER DIREITO À FORMAÇÃO RESPEITADO

Quero fazer um elogio para fazer uma crítica.

Nos mais de 26 anos que eu trabalho nas escolas municipais de Leopoldina, nunca tive negado meu pedido de fazer cursos e congressos, fora e dentro da cidade. Seja as secretárias de educação com as quais trabalhei ao longo destes anos, seja as diretoras. Todas sempre me ajudaram, permitindo que eu colocasse uma substituta ou mesmo pagando hora extra para uma professora. Quando eu organizo cursos para professores da rede, nunca tive a sala/auditório vazio.

Mas não é assim em todos os lugares. Semana passada eu estava na coordenação de um encontro em uma universidade estadual. Tivemos dois cursos para professores, gratuitos, muitas inscrições mas um comparecimento baixíssimo. E quem compareceu estava "fugido da escola". O curso fui oferecido a quem quisesse fazer, mas os professores não foram liberados. Olha, é como oferecer uma refeição e não permitir que a pessoa coma.

Como eu disse, um elogio e uma crítica.

Do que adianta dizer que deve-se investir na formação dos docentes mas quando se oferece oportunidade de formação eles não podem fazer? Ah, podem, se levarem falta no trabalho. Cursos grátis, com professores de grandes universidades que teriam cobrando muito caro (ou pelo menos deveriam), para oferecer seus serviços às secretarias de educação.

Infelizmente, não é um caso isolado. Tenho assistido isso acontecer ao longo dos anos em todo o Brasil. E isso me desmotiva muito, ver os/as colegas privados de oportunidades que, na prática são importantes até para impulsionar a educação brasileira e valorar o profissional do ensino.

A lógica que eu vejo aqui é que professor que está fora de sala aprimorando seus conhecimentos e aprendendo mais para levar esse aprendizado para sua prática diária ESTÁ SENDO INSUBORDINADO, porque por um dia ou dois saiu da sala de aula para estudar.

domingo, 13 de outubro de 2024

COMENTANDO THE DOBLE (墨雨云间)

Faz um bom tempo que eu não posto nada sobre as séries orientais que eu assisto. Um pouco pela falta de tempo, que me faz priorizar outras coisas, mas, principalmente porque nada havia até agora me impressionado ao ponto de eu querer escrever algumas palavras. Até que assisti The Double (墨雨云) ou Peões do amor, um drama chinês, no Netflix. O termo "peão" utilizado no drama se refere à uma peça de xadrez, que equivale a um soldado. O peão é usado e descartado de acordo com a estratégia do jogador.

Dos dramas orientais, os chineses não estão, normalmente, no primeiro lugar das minhas escolhas. Mas este ano percebi que foram eles que prenderam mais a minha atenção do que os coreanos. E eu fiz questão de assistir em etapas, para não correr o risco de perder uma só cena. Foram 40 capítulos tão bem aproveitados que poderiam ter sido 80 que eu não reclamaria.

O drama é baseado no romance de nome Marriage of Di Daughter  (O casamento da filha e Di), de Qian Shan Cha Kee, e  conta a história de Xue Li, a filha do Magistrado Xue, que foi traída e enterrada viva por seu  marido, Shen Yurong. Mas o destino lhe dá uma segunda chance quando ela é  salva por Jiang Li, a filha do Secretariado Chefe do reino, enviada para uma casa de recolhimento (uma espécie de convento) nas montanhas, ainda menina, acusada pela madrasta por um crime que não havia cometido. Por conta dos maus tratos que sofria, Jiang Li falece e seguida, mas antes de morrer ela pede a Xue Li para se vingar por ela. Xue Li assume a identidade de Jiang Li e usando sua inteligência privilegiada, vai para a capital para buscar vingança contra aqueles que causaram o sofrimento dela e de Jiang Li. 

The Doble é um drama muito complexo, com uma narrativa muito densa, e que está longe de ser uma trama de romance superficial. É uma história que gira em torno de crime e vingança. Da busca por reparação. A história tem personagens que foram minuciosamente construídos dentro de um enredo que envolve traumas psicológicos e muita conspiração e luta pelo poder, numa teia de relações palacianas. Entre as relações de poder presentes na trama temos também relações de gênero.

A violência contra as mulheres está presente a todo momento. Elas são vítimas do patriarcado, usadas e desacatadas por seus maridos, pais e irmãos. Elas sofrem violência física e moral. Mas elas revidam, cada uma a sua maneira. Entre vilãs e mocinhas, todas têm em comum o fato de terem sido usadas como "peões" pelos homens, e tentado sobreviver da forma como suas mentes abaladas e traumatizadas conseguiram. Umas respondem à injustiça buscando denunciar e exigindo punição. Outras respondem a opressão sofrida se tornando elas próprias opressoras. São essas mulheres que o tempo todo ditam o ritmo da narrativa.

Podemos destacar a protagonista, Xue Li/Jiang Li, interpretada pela atriz Wu Jinyan. Inteligente, sensata, ela havia se sacrificado pelo marido, Shen Yurong, homem de origem humilde, que desejava ascender na corte. Traída e abandoada, ela deixa de lado o papel de esposa submissa, que suportava os maus tratos da sogra e da cunhada e dá a volta por cima. Na busca por reparação para ela e sua salvadora, então falecida, a jovem acaba se envolvendo com o nobre Duque Su, Xiao Heng , interpretado pelo jovem ator Wang Xingyue. Ambos dão um show de interpretação. Cabe destacar que a atriz Wu Jinyan chegou a ser vítima de etarismo ( termo que se refere à discriminação, preconceito e estereótipos direcionados a pessoas com base na sua idade. Também é conhecido como idadismo ou ageísmo) por ter como par romântico um ator de 22 anos, quando ela possuía 34 anos.

As antagonistas também são excelentes, com destaque para a princesa Wan Ning, interpretada por Li Meng. Dada como refém a um reino inimigo, a princesa Wan Ning passou por uma série de abusos físicos e morais que a levaram a buscar a reparação por meio da violência e opressão. Psicologicamente afetada pelos anos de cárcere, é uma mulher cuja dor e o sofrimento são incompreendidos por quem a cerca. A atriz Li Meng teve uma atuação maravilhosa na trama. Ela consegue atrair a antipatia do público e, à mediada que sua história vai sendo revelada, não há como não sentir empatia por uma mulher que passou por tantos percalços, sempre usada pelos homens.

Não gosto de dar spoilers, então encerro dizendo que além de uma história envolvente, The Doble é também uma produção que esmera pela fotografia, pela trilha sonora e pelo figurino, impecáveis. Recomendo assistir.


domingo, 22 de setembro de 2024

SEGUNDO VOLUME DE INTRODUÇÃO À HISTÓRIA LOCAL JÁ ESTÁ DISPONÍVEL

Capa de Guilherme Smee

Finalizamos o segundo volume da série sobre História de Leopoldina, que vai contar com três volumes. Neste segundo volume, faremos um aprofundamento no estudo da História de Leopoldina e da nossa região. Serão apresentados uma sorte maior de dados e informações colhidas a partir de pesquisas realizadas em diversas fontes que nos ajudam a compreender melhor aspectos da História de Leopoldina que estão interligados à História de Minas Gerais e do Brasil. Alguns dos dados são, inclusive, inéditos, pois foram resultado de pesquisas realizadas pelas autoras, mas não publicadas.

O foco neste segundo volume está no desenvolvimento da economia e nas relações de trabalho em Leopoldina (MG). Vamos começar analisando o desenvolvimento da economia cafeeira no Brasil e sua chegada em Minas Gerais. O café teve uma importância muito grande para a economia local, ainda durante o Império, e foi a base da nossa economia durante a Primeira República. Neste capítulo, traremos informações sobre como era a dinâmica da economia local, assim como iremos falar das fazendas de café, localizadas nos distritos.

O volume II de Introdução à História Local pode ser acessado gratuitamente clicando aqui!

domingo, 19 de maio de 2024

COLÉGIO IMACULADA CONCEIÇÃO: FORMAÇÃO DOCENTE E MEMÓRIA

Ontem, no Dia Nacional do Museu, durante a 22º Semana Nacional do Museu, no Espaço dos Anjos, eu fiz o lançamento do meu livro "Colégio Imaculada Conceição: formação docente e memória". O evento é o primeiro de muitos lançamentos que ainda vamos realizar até o segundo semestre deste ano. 

O livro é uma produção independente e nasceu do desejo de escrever sobre a história do Colégio Imaculada Conceição, de Leopoldina (MG), que este ano completou 106 anos de existência. Foi, também uma forma de eu retornar àquilo que marcou o início da minha vida como pesquisadora, a História do Ensino e, também, a história Regional.

Eu já havia escrito um livro, na década de 2010, sobre o Ginásio Leopoldinense, outra escola centenária de Leopoldina. Foi minha primeira obra autoral e resultado da minha especialização, realizada entre 1996 e 1997 na UFJF. Eu sempre gostei muito de história regional, assim como gosto muito de história das mulheres. 

Eu me sinto muito confortável trabalhando estes dois temas. Confesso que eles me dão uma sensação de auto realização. Falar sobre minha região faz com que eu reforce meu sentimento de pertencimento, falar sobre mulheres faz com que eu me sinta mais confiante.

Com este livro eu tive a oportunidade de fazer as duas coisas. Eu escrevi sobre o ensino para mulheres em Minas Gerais e em Leopoldina, e pude falar bastante da nossa história local. Mesmo sendo um livro voltado para o caso de Leopoldina, ele pode ser usado como uma referência para o estudo da história do ensino em Minas Gerais, uma vez que eu busquei vincular o nosso contexto local com a história de Minas e do Brasil.

Enfim, estou muito feliz com o resultado e espero que todos aqueles e aquelas que compareceram ao lançamento ontem possam ter uma leitura agradável. Tenho que agradecer muito às pessoas que me apoiaram na elaboração da obra, seja lendo e dando sugestões, seja fazendo a correção ortográfica e a diagramação. 

Agradecimentos especiais a Guilherme Smee (que fez a arte da capa), Ana Cristina Fajardo e Luiz de Melo (que fizeram a correção ortográfica) e Conceição Zambrano, diretora do Colégio Imaculada, que me deu acesso à documentação para a pesquisa e possibilitou que o livro fosse lançado neste dia 18 de maio, de 2024, uma data que vou guardar dentro do coração.

Pessoas que quiserem obter o livro e não são de Leopoldina, podem fazê-lo entrando em contato pelo e-mail nogueira.natania@gmail.com


terça-feira, 14 de maio de 2024

QUADRINHOS FEMINISTAS OU QUADRINHOS PARA MULHERES?


Recentemente foi lançado livro "Interfaces Midiáticas e Quadrinhos", organizado por Rafael Senra e Ivan Carlo Andrade de Oliveira. O livro sai como uma co-edição da Editora da Unifap com a Editora Verter, e reúne artigos de autores que apresentaram na quarta edição do Evento ASPAS Norte. Um destes artigos é "Quadrinhos feministas ou quadrinhos para mulheres" um texto que eu produzi a partir de uma apresentação que realizei durante o ASPAS Norte.

No artigo eu analiso diversos tipos de HQs produzidas por mulheres e para mulheres buscando entender como este material pode ser apropriado por leitores e leitoras, buscando levar em consideração o contexto no qual foi produzido e o objetivo da produção.

Quem quiser conferir, o livro pode ser acessado gratuitamente, clicando aqui.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

COMO ENCONTRAR FONTES NA INTERNET PARA AULAS DE HISTÓRIA

Com o advento da internet as aulas e história começaram a mudar, também. Até o final do século XX o professor contava apenas com recursos como livro didático e alguns paradidáticos para poder trabalhar. Em escolas menores e de periferia acesso a livros e a uma bilbioteca era limitado, isso quando não era inviável (e até hoje permanecesse assim em muitas cidades). Havia a possibilidade do uso de jornais e revistas quando se tratava de conteúdo mais recente ou quando se publicavam especiais sobre eventos históricos. O/a professor/a recortava as notícias e as utilizava em sala de aula. No entanto, as fontes mais antigas ficavam em bibliotecas e arquivos muitas vezes longe do acesso de professores/as, principalmente daqueles/as que trabalhavam em cidades do interior.

Mas o século XXI trouxe novas possibilidades. Atualmente, no campo digital temos espaços destinados a ser repositórios de estudos (artigos, dissertações, teses) e de fontes diversas, de periódicos a fontes imagéticas, além de canais destinados a produzir conteúdo sobre história (sobre estes canais, presentes no Youtube, por exemplo, vou falar em outra postagem). As bibliotecas estão digitalizando seus acervos e criando hemerotecas digitais[1].

Atualmente é possível acessar informações, bancos de imagens e documentos de diversas partes do mundo e usá-los para montar aulas e atividades. O livro didático, na minha opinião, está se tornando um objeto de apoio secundário para professores e professoras que começaram a investir em produzir conteúdo a partir de fontes.

Nas hemerotecas e nos sites criados para abrigar documentos dos mais diversos é possível conseguir um rico material que pode ajudar a compor uma aula, complementar informações ou mesmo ser vir de base para projeto, inclusive projetos interdisciplinares. Recentemente eu li alguns artigos com relatos de experiências em sala de aula utilizando documentos como cartões postais e cartazes, retirados de repositórios de documentos.

Eu, por exemplo, frequentemente visito repositórios e hemerotecas. Encontro muito material interessante sem sites de bibliotecas universitárias, de bibliotecas nacionais e internacionais. Já tirei material para compro slides que preparei para minhas aulas com alunos do fundamental e médio e, inclusive, já usei a hemeroteca da Biblioteca Nacional para um projeto de pesquisa com alunos do oitavo ano do ensino fundamental, que resultou numa pequena publicação impressa, sobre a história local. E isso foi em 2014, há 10 anos atrás. De lá pra cá não apenas aumentaram as fontes como, também, a possibilidade de trabalhar diversos temas.

É trabalhoso, mas prazeroso, principalmente quando se domina as ferramentas de busca e gente aprende a localizar o material que precisamos. Até mesmo o idioma deixou de ser um problema, pois os navegadores têm ferramentas de tradução automática que permite o professor/a visitar e colher material em sites com idiomas estrangeiros. Eu já usei documentos retirados da Gallica, a hemeroteca digital da Biblioteca Nacional da França, do site da Biblioteca da Sorbone, da Hemeroteca de Lisboa e de sites de bibliotecas universitárias de outros países. É uma experiência de aprendizagem tanto para os estudantes quando para os/as docentes, pois permite que se saia do lugar comum.

Trabalhar povos indígenas a partir de documentos históricos colhidos de uma hemeroteca ou uma bilbioteca, analisar o imperialismo e as guerras mundiais por meio de imagens, acessar revistas e jornais publicados há mais de 100 anos e retirar deles documentos para serem analisados durante uma atividade em sala de aula ou mesmo uma avaliação. Há muitas possibilidades de incluir ao material didático já utilizado conteúdo inédito.

Eu particularmente acredito que o professor é o melhor material que a escola pode oferecer. Infelizmente ele/a precisa ser lembrado/a disso constantemente. Por isso muitas vezes ele acaba se acomodando e limitando sua aula ao livro didático. Assim como os estudantes, professores também precisam ser estimulados a tirar o melhor de si. Isso, inclusive é algo importante para a saúde mental dos docentes, prejudicada pela pressão sofrida diariamente nas escolas, pelo assédio de pais e de alunos, que parecem não entender os limites para o trabalho docente e nem sempre reconhecem seu valor. O sentimento de realização e descoberta pode ajudar a superar estes obstáculos, cada vez mais presentes no nosso dia a dia.

Vou deixar aqui algumas indicações de sites de bibliotecas e hemerotecas que podem ser úteis para quem quiser se aventurar e buscar novos materiais para trabalhar em sala de aula. Você professor que já está na docência há muitos anos e ainda não se arriscou a trabalhar com outros materiais, não é tão complicado assim. Aos professores mais jovens, creio que a experiência pode ser enriquecedora e estimular outras atividades e até projeto de iniciação científica. Vamos tentar?

Alemanha

- Biblioteca Nacional Alemã

Brasil

- Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

- Hemeroteca Digital Santista

- Hemeroteca Digital do IHGG

- Hemeroteca Digital Catarinense

- Biblioteca Digital do Estado de Minas

Canadá

- Biblioteca Pública de Toronto

- Fundação Japão Toronto

- Biblioteca de Quebec

China

- Biblioteca Nacional da China

Coreia do Sul

- Biblioteca Nacional da Coreia

Espanha

- Biblioteca Digital Hispânica

Estados Unidos

- Biblioteca do Congresso

- Biblioteca Digital de Minnisota

França

- Gallica – hemeroteca digital da Biblioteca Nacional da França

- Biblioteca da Universidade de Sorbonne

Japão

- Fundação Japão

- Biblioteca Nacional

Portugal

- Hemeroteca digital de Lisboa



[1] Hemeroteca é um setor das bibliotecas onde se encontram coleções de periódicos como jornais, revistas e outras obras editadas em série

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

PRÊMIO ARTEMÍSIA 2024 - RESULTADO ANUNCIADO

Saiu o resultado do Prêmio Artemisa, de 2024, criado há 17 anos para dar visibilidade ao trabalho de mulheres quadrinistas na França. O resultado é divulgado tradicionalmente no dia 9 de janeiro, data em que se comemora o nascimento de Simone de Beauvoir. 

Criado em 2007 por Chantal Montellier e Jeanne Puchol, o Prêmio Artemísia possui cinco categorias diferentes. O júri composto por Chantal Montellier , Isabelle Beaumenay-Chaland , Julie Scheibling , Patrick Gaumer , Pascal Guichard e Christophe Vilain , é acompanhado pelo presidente honorário Laurent Gervereau . O Grande Prêmio anterior de 2023 foi concedido a Valentine Cuny-Le Callet por Perpendicular ao Sol (Delcourt) .

As vencedoras de 2024:

  • Grand Prix Artémisia: Madones et putains (Madonas e Prostitutas) de Nine Antico (Dupuis)


  • Prêmio Artemisia Weed: Devenir de Joanna Folivéli (Futuro de Joanna Folivéli) (Dois Pontos)



  • Prêmio Artémisia Poésie-Mixte: Grande échappée (A Grande Fuga) de Bérengère Delaporte , variação gráfica em torno do poema La Panthère (A Pantera) de Rainer Maria Rilke (Nathan)

  • Prêmio Artémisia de Humor: Le grand incident (O grande incidente) de Zelba (edições Futuropolis / Louvre)


  • Prêmio Artémisia Survireuse: (Sultana) de Lili Sohn e Élodie Lascar (Steinkis)

  • A entrega dos prêmios vai acontecer no dia 17 de janeiro, no L'Espace des Femmes - Antoinnete Fouque, em Paris, França. Des Femmes é uma editora criada em 1973 por Antoinette Fouque com o objetivo de impulsionar a vida editorial, intelectual e cultural francesa, destacando a criação das mulheres. Antoinette Fouque foi uma psicanalista francesa envolvida no Movimento de Libertação das Mulheres. 

domingo, 7 de janeiro de 2024

MADELEINE, RESISTENTE E QUADRINHOS SOBRE A II GUERRA MUNDIAL

Minha primeira postagem do ano vai ser sobre uma HQ que eu comecei a ler justamente no dia 1º de janeiro, e com certo atraso, devo dizer. É a HQ "Madeleine, resistente: a rosa engatilhada". Trata-se de uma HQ criada a partir das memórias da poetisa e jornalista (correspondente de guerra) Madeleine Riffaud, uma jovem que, em 1942, aos 18 anos, e sofrendo de tuberculose, desafiou a ocupação nazista na França, lutando da resistência. Tinha tudo para dar errado, não é? Uma menina frágil e ainda por cima doente, disposta a encarar um dos momentos mais difíceis da história da humanidade. Mas olha, ela conseguiu, tanto que viveu para contar a sua história por meio dos quadrinhos.

Madeleine, resistente é uma série em quadrinhos que teve seu primeiro volume publicado no Brasil em 2023. Esta série é ressoldado de um trabalho conjunto entre Madeleine Riffaud, Dominique Bertail, Cartunista e colorista francês, e do roteirista francês Jean-David Morvan. É uma autobiografia, um registro histórico da vida de Riffaud que está fazendo muito sucesso em todo o mundo.

Madeleine Riffaud nasceu em 23 de agosto de 1924 é filha de professores. Ao se unir à resistência adotou o codinome "Rainer", em homenagem ao poeta alemão Rainer Maria Rilke. Ela participou das ações das “Forças do Interior Francesas” em várias operações contra as forças de ocupação nazistas. Em 23 de julho de 1944, ela ficou famosa pelo assassinato de um oficial alemão, em plena luz do dia. Presa e torturada ela foi liberada e retomou suas ações junto à resistência, até o final da guerra. Como jornalista, ela se envolveu na frente de descolonização, tendo presenciado, e relatado como jornalista, a guerra da Indochina, da Argélia e do Vietnã. Só por essa biografia resumida dá para ver que Madeleine Riffaud tem muita história para contar.

Eu tive contado com a HQ Madeleine, resistente, pela primeira vez, em janeiro de 2023, durante o 50º Festival de BD de Angoulême, na França. Sobre ela foi montada uma maravilhosa exposição sobre a HQ e a própria Madeleine. Foi uma das exposições que que mais gostei em todo o festival. Não apenas pela forma como a HQ foi exposta mas, principalmente, porque foi uma exposição montada a partir do ponto de vista da História. 





Mais do que promover a HQ a exposição, na minha interpretação, foi pedagógica, mostrando não apenas uma parte da guerra que poucos vivenciaram como, também, um exemplo de empoderamento feminino, a partir das experiências de Madeleine.

Posso dizer que conheci Madeleine Riffaud antes de ler a HQ e, por isso, eu acabei lendo e me interessado ainda mais pelo tema da resistência, que eu já havia trabalhando um tanto quanto superficialmente em outros momentos. Para quem gosta do assunto, a leitura desta HQ é mais que recomendada. O segundo volume deve sair agora em 2024, em português. Uma coisa que eu gostei muito foi a história “bônus” no final da HQ, que consta como o projeto começou, na forma de quadrinhos

 

domingo, 31 de dezembro de 2023

MINHA RETROSPECTIVA DE 2023

Pediram que eu fizesse um apanhado do meu ano de 2023. Foi quando eu percebi que eu não tinha certeza do que eu havia feito (pelo menos cronologicamente falando) durante o ano. Eu tive que buscar vestígios para muito além da minha memória para fazer esta retrospectiva, e nem tenho certeza se está completa.  Um exercício de memória difícil, pois o ano de 2023, para mim, foi complexo de várias formas. 


Eu comecei o ano fazendo uma longa viagem de férias. Fiquei mais de um mês fora de casa. Foi ótimo, mas me consumiu muito. Não faria novamente. Acredito que isso tenha sido resultado dos anos de pandemia. Eu, de repente, senti um impulso de cair na estrada e romper com aquele longo isolamento. Fui para Portugal, Suíça e França. Fiquei na casa de amigos, revi pessoas queridas e fui a lugares nos quais eu ainda não tinha ido e revi alguns que eu já conhecia.

Fechei as férias participando do Festival Internacional Quadrinhos de Angoulême, na França, de onde enviei algumas notícias para o Mina de HQ (minha primeira experiência do tipo). 

Em fevereiro, de volta, eu gravei um podcast com o Quadrinheiros, que foi lançado em março. Foi bem interessante. Não tenho o habito de gravar podcast, acho que tinha feito no máximo dois antes deste. Mas gostei da experiência e do resultado. Estou ficando mais articulada para falar.  Retomei meu trabalho nas duas escolas nas quais eu leciono. Recebi este ano 4 turmas novas, com alunos para os quais eu ainda não havia lecionado. Foram turmas ótimas, muito além da minha expectativa, e que ajudar a diminuir o fardo do trabalho porque eu me diverti muito dando aula para eles.

Fui aceita para o pós-doutorado em Letras, na UEMS, no final do ano de 2022 e já comecei 2023 ligada à universidade. Ao longo do ano eu me vi envolvida nas atividades do curso. A primeira delas foi o encontro "Quadrinhos e o fim do mundo: utopias e distopias". Eu participei de uma mesa junto com os amigos Octavio Aragão e Elidiomar Ribeiro, no dia 07 de abril, pela manhã. Primeiro evento acadêmico do qual eu participei no ano.

Em maio, saiu minha primeira publicação do ano, um a artigo na Revista Cajueiro. Aliás, um dos artigos que eu mais gostei de escrever nos últimos anos: Entre a vida e a morte - apropriação da linguagem dos quadrinhos e o tema do suicídio em W: Two Worlds. Aliás, eu escrevi muita coisa em 2022 e em 2023 que só vai ser publicado em 2024, o que me deixa um pouco confusa. Ao fazer esta retrospectiva eu me dei conta de que fiz muita coisa mas para fins de registro ainda não posso divulgar. Percebi, também, que tenho que atualizar meu Lattes e meu Orcid.

Maio, por sinal, fui um mês absurdamente corrido e cheio de eventos. Eu viajei para Campo Grande, MS, para cumprir minhas tarefas do pós-doutorado e ministrei um curso para os alunos do mestrado em letras. Aproveitei para conhecer a Gibiteca de Campo Grande e fazer contatos com professores e alunos da Universidade. Foi quando realmente caiu a ficha de que eu estava de nova na universidade, só que meu papel agora é outro: eu que estou ministrando as aulas. Foi meio assustador no início, mas foi, está sendo, divertido.

No final do mês tivemos o VI Entre ASPAS, encontro da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS), em Leopoldina, MG, evento do qual fui uma das organizadoras. Participei ainda como mediadora de uma mesa sobre quadrinhos e pesquisa na História, com a participação de Mary Del Priore e apresentei comunicação ao lado da amiga Alessandra Senna. Durante o evento houve a eleição para a nova gestão da ASPAS, da qual eu agora faço parte, junto com mais três outros colegas, até 2025.

Tirei 10 dias das férias de julho para passear. Fui para Campos do Jordão, com a amiga Ana Cristiana e, depois, fui para São Paulo, rever meu amigo sueco/brasileiro, Ricardo Gonçalves. Fomos ao show da Marisa Monte e aproveitamos para fazer alguns pequenos passeios. Foi ótimo. Voltei das férias revigorada.

No final de agosto eu participei da banca de qualificação do doutorado da amiga Daniela Marino, na USP e pude aproveitar para pegar o final das Jornadas Internacionais e Quadrinhos da USP e rever  muitos amigos queridos. Foi em agosto, também, que fiquei sabendo que um artigo que eu escrevi junto com a Daniela seria publicado no International Journal of Comic Art, uma revista estadunidense especializada em quadrinhos. O artigo foi The Boom of Female Comics in the 21st Century in Brazil, que nós fizemos para um evento em 2021, mas que não havia sido publicado. Daniela submeteu o texto e ele foi aprovado.


Em setembro eu retornei a São Paulo para participar de um evento e lançamento de livro, com a autora francesa Chantal Montellier no Sesc/SP. Foi mediadora de um bate-papo com a autora que ocorreu antes da sessão de autógrafos. Acho que este ano São Paulo foi o lugar para onde eu mais me desloquei, seja para lazer, compromissos de trabalho ou mesmo fazendo escala em aeroporto.

Em outubro eu publiquei junto com o amigo Ricardo Gonçalves, um capítulo intitulado Gender and sexuality in Brazilian early childhood education no livro Gendered and Sexual Norms in Global South Early Childhood Education. Uma experiência muito boa, pois saí da minha zona de conforto e encarei um novo desafio, com um tema que é do meu interesse mas sobre o qual eu ainda não tinha produzido nada significativo. Foi um trabalho longo, que passou muitos ajustes. Eu agradeço a Ricardo pela convite e pela confiança.

Ainda em outubro dei início, junto com a amiga Lucilene Nunes, a um curso sobre Introdução à História Local, para 40 professores da rede municipal de ensino de Leopoldina. O curso terá três módulos. Aproveitamos para transformar o material que usamos em e-book que está disponível para download. Ainda em outubro eu retornei para Campo Grande, onde eu participei de um evento na biblioteca da UEMS, “Primeira Semana Nacional do Livro e da Biblioteca”, além de outras atividades tanto no curso de letras quanto no curso de História.

Em novembro eu recebi a notícia de que minha tese foi premiada pelo Trofeu HQ Mix. Foi uma surpresa, juro. Eu nem estava pensando que poderia ganhar. Fiquei muito grata pelo prêmio e foi muito emocionante poder ir à cerimônia receber o troféu, em dezembro.

No final de novembro e início de dezembro eu participei como mediadora de uma mesa no evento “Quadrinhos e Música”, como parte das atividades do meu pós doutorado. E, para encerrar, lançamos, no dia 02 de dezembro, o livro "Varal de Memórias" um projeto que eu realizei com meus alunos em agosto e que acabou resultando na publicação de um livro e um e-book.

 


quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

A CRIATURA DE GYEONGSEONG E OS CRIMES DE GUERRA DO JAPÃO

Nosso conhecimento sobre os crimes cometidos por nações do EIXO durante a Segunda Guerra Mundial é geralmente centrado na Alemanha e em seus campos de extermínio, que levaram milhões de pessoas inocentes à morte. Livros de história e obras e ficção trouxeram horríveis experimentos que os nazistas fizeram com pessoas de todas as idades, experimentos que começaram antes mesmo do início da guerra. No entanto, pouco estudamos ou falamos sobre os crimes cometidos pelo Japão.

 

Devo confessar que, mesmo com formação em história, foi somente por meio de quadrinhos como "Grama", cuja a narrativa gira em torno da escravidão sexual de mulheres pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, e de séries dramáticas como "Mr Sunshine", que levanta o tema da resistência armada e a luta pela independência da Coreia durante a dominação japonesa, que eu comecei me interessar e a estudar uma parte da história do Leste Asiático.  


Recentemente eu assisti a primeira parte de um o drama histórico lançado pela Netflix, em dezembro de 2023, chamado “Gyeongseong Creature” (A criatura de Gyeongseong), uma obra de suspense e de ficção científica, que fala sobre experimentos conduzidos por médicos japoneses em laboratórios secretos, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi a partir desse programa de TV que acabei conhecendo mais uma história lamentável da Segunda Guerra Mundial, cuja barbárie atualmente vem sendo enaltecida por pessoas de pouco conhecimento e nenhuma sensibilidade.

 

No drama, a população civil de regiões colonizadas era exposta a experimentos com o objetivo de criar uma mutação capaz de ser usadas na guerra contra os aliados. Monstros criados em laboratório. "A criatura de Gyeongseong" é uma obra ficcional, repleta de exageros necessários para compor a narrativa fantasiosa, mas que se baseia em fatos históricos.


Em 1935, o governo japonês fundou a Unidade 731, uma unidade secreta de pesquisa e desenvolvimento de guerra biológica e química do Exército Imperial Japonês que realizou experimentação humana letal durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa e parte da Segunda Guerra Mundial. Foi oficialmente conhecido como o Departamento de Prevenção de Epidemia e Purificação de Água do Exército de Guangdong. O nome "Unidade 731" foi oficialmente adotado em 1941.


A Unidade 731 era comandada pelo Tenente General Shiro Ishii, responsável por vários de crimes de guerra. O General Shiro Ishi era um cirurgião formado pela faculdade de medicina na Universidade Imperial de Kyoto. Ele entrou para o Exército Imperial Japonês como de Cirurgião do Exército. Antes de iniciar sua pesquisa com seres humanos na Unidade 731, Shiro Ishii viajou para a Europa para estudar armas biológicas e guerra química. Ele foi a versão japonesa de Josef Mengele, responsável pelos experimentos com prisioneiros realizados no campo de Auschwits, na Alemanha.


Estima-se que cerca de 250 a 300 mil pessoas foram submetidas a experimentos realizados pela Unidade 731, sendo que a maioria das vítimas era chinesa. Havia ainda soviéticos, mongóis, coreanos e pessoas pertencentes a países que opunham ao EIXO. Eles foram usados como cobaias para testes de armas bacteriológicas e outros experimentos. O maior número de mortes no campo de  Pingfang era de chineses (70%) e soviéticos (30%). A unidade funcionou até o final da guerra, em 1945.

 

Unidade 731 - foto atual

Os experimentos realizados envolviam armas ou procedimentos que poderiam ter uso na guerra. Por exemplo: em câmaras refrigeradoras, prisioneiros eram submetidos a temperaturas de até 50 graus celsius negativos para que os médicos pudessem descobrir a melhor maneira de tratar soldados japoneses que tivessem membros congelados durante batalhas no frio.  Para descobrir o que aconteceria a pilotos japoneses caso os aviões dessem pane os cientistas colocavam prisioneiros em centrífugas superpoderosas, onde ficavam rodando até morrer. Testavam bombas com bactérias ou com pulgas infectadas com peste bubônica ou febre tifoide foram jogadas sobre vilarejos chineses. Autópsias eram realizadas com pessoas vivas. E tudo foi minuciosamente registrado em desenhos científicos detalhados. Não foi por nada que a Unidade 732 ganhou o apelido de “Auschwitz asiática”.

Algumas dessas experiências são mostradas no drama, assim como os laboratórios nos quais pode-se ver, por exemplo, órgãos humanos, fetos e até cabeças dentro de vidros com formol. Aparecem também experiências feitas com crianças, que recebiam diariamente injeções e muitas delas desenvolviam doenças que as levavam a óbito. Muitas das experiências eram tão macabras que descrevê-las é difícil. Citei apenas algumas, mas para quem quiser saber mais, eu deixarei o link dos sites que eu consultei para elaborar este texto.

Com a derrota do Japão na guerra, Shiro Ishii encenou a própria morte para fugir do exército dos Estados Unidos, mas acabou sendo descoberto. No entanto, ele negociou sua liberdade em troca do conhecimento que reuniu em suas experiências na Unidade 731. Nem ele nem outros médicos que trabalharam na sua equipe chegaram a ser presos.

A China chegou a produzir um filme sobre a Unidade 731, “Campo 731 – Bactérias, A Maldade Humana” (Men Behind the Sun), de 1988. O diretor Tun Fei Mou que usou como locação o verdadeiro quartel general do 731, na província de Habin, na Manchúria. Em “A criatura de Gyeongseong” o campo é citado, mesmo que indiretamente. No drama, após o fechamento de um laboratório na Manchúria, as experiências teriam continuado na Coreia, que na época ainda chamava-se Joseon. De fato, o Campo 731 não foi o único local no qual experimentos eram realizados, mas ele foi o modelo seguido por outros laboratórios espalhados por outras regiões.

Por fim, uma coisa que  me chamou atenção no drama, foi a forma como os japoneses tratavam as populações dominadas. O desprezo, o ódio e a xenofobia estão presentes nas relações com outro de uma forma nauseante. Os japoneses alimentaram seu exército com homens recrutados em regiões dominadas, que eram obrigados a lutar pelo Japão e eram frequentemente vítimas de humilhando dentro do exército. Eram desprezados e ensinados a desprezar seus pares. Os japoneses reproduziam o mesmo pensamento de superioridade racial que considerava outros povos asiáticos inferiores moralmente e biologicamente. Esse tipo de comportamento que foi incentivado entre japoneses é bem representado na série, dando uma ideia de como dolorosa foi a dominação japonesa na primeira metade do século XX.


Mergulhar na cultura asiática tem sido um balde d'água fria em muitos sentidos, principalmente o histórico. Há histórias lá que deveriam ser de conhecimento de todos, há situações que merecem receber atenção mundial. Violência contra a mulheres e população LGTBQI+, xenofobia, alcoolismo, violência escolar e suicídio. O Leste Asiático está submerso em uma série de mazelas que podem ser explicadas por uma história marcada pela escravidão e pelas disputas imperialistas, que envolvem não apenas países da região mas, também, nações europeias e os Estados Unidos. Uma história marcada por violência e que reproduziu ao longo do tempo essa mesma violência.

 

Ao falar sobre os crimes de guerra do Japão não é necessariamente um ataque ao país ou a seu povo. Os japoneses também formam vítimas de seu próprio governo. Homens, forçados a servirem ao exército e a cometerem crimes horrorosos. Mulheres japonesas pobres foram escravizadas sexualmente e transformadas em prostitutas a serviço do governo. A intenção aqui é alertar para o fato de que estes crimes aconteceram e podem se repedir enquanto for alimentado um discurso belicoso e de ódio, discurso este que vem crescendo nos últimos anos. O Japão e a Alemanha da Segunda Guerra Mundial devem ser o exemplo do que não queremos para o nosso presente e, muito menos, para o nosso futuro.

 

REFERÊNCIAS

BROLIA, MARCOS(2014). 550 – Campo 731 – Bactérias, A Maldade Humana (1988). Disponível em: <https://101horrormovies.wordpress.com/2014/10/23/550-campo-731-bacterias-a-maldade-humana-1988/>. Acesso em 27 dez. 2023.

DRUMMOND, Pedro (2021). Uma Auschwitz Na Ásia: O Japão E Sua Macabra Unidade 731. Disponível em <https://historiamilitaronline.com.br/index.php/2021/03/25/uma-auschwitz-na-asia-o-japao-e-sua-macabra-unidade-731/>. Acesso em 27 dez. 2023.

LIMA, Claudia de Castro e (2016). Os terríveis experimentos japoneses com prisioneiros chineses. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/os-terriveis-experimentos-japoneses-com-prisioneiros-chineses?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=eda_super_audiencia_institucional&gad_source=1&gclid=CjwKCAiAs6-sBhBmEiwA1Nl8szaLjur5cAhvqZa2Qh_JYx61FHbUcPHbIxPuDh92DPHM3tWzLgSA5RoCi38QAvD_BwE>. Acesso em 27 dez. 2023.

PISSURNO, Fernanda Paixão. Unidade 731. <https://www.infoescola.com/historia/unidade-731/#google_vignette>. Acesso em 27 dez. 2023.

PREVIDELLI, Fábio. Unidade 731: o antro japonês de experimentos em humanos durante a 2ª guerra. Disponível em: < https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-o-que-foi-a-unidade-731.phtml>.

UNIDADE 731. Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidade_731>. Acesso em 27 dez. 2023.