sábado, 23 de dezembro de 2023

COMENTANDO O K-DRAMA "OS OUTROS NÃO"


Sou fã de dramas coreanos desde 2019, mas assisto também produção asiáticas de outros países como China, Tailândia e Vietnã. Gosto muito de alguns tipos específicos de dramas, principalmente aqueles que fogem ao lugar comum e, mesmo tendo alguns clichês, muitas vezes necessários, trazem histórias envolventes. É o caso de "남남 (NamNam)", "Not Others", em português "Os outros não".  O drama conta a história de mãe e filha que dividem juntas uma vida cheia de altos de baixos. 

 

Eu confesso que me interessei pelo drama por conta de uma das protagonistas Jeon Hye-jin, uma atriz muito talentosa, que na casa dos quarenta anos continua trabalho em muitos projetos numa indústria que privilegia as mulheres jovens. Não é uma comédia romântica, embora exista interesses românticos para as protagonistas, os homens apenas estão lá para reforçar a força das mulheres, que deles nada dependem, muito pelo contrário. 

A história começa quando a estudante do ensino médio Kim Eun Mi (interpretada por Jeon Hyejin), descobriu que estava grávida. Determinada a criar sua filha, Jin Hee (interpretada pela cantora Choi Sooyoung), a jovem mãe enfrenta muitos desafios. O primeiro foi a família do namorado, que proibiu o relacionamento, o segundo foi sua própria família, com um pai alcoólatra do qual a moça era vítima constante de violência doméstica. sozinha, as duas enfrentam juntas todas as adversidades da vida.

Ao longo dos 12 episódios da série vamos conhecendo um pedacinho do passado destas duas mulheres e entendendo melhor sua relação, que muitas vezes parece muito mais a de duas irmãs (sendo a mãe a irmã caçula e rebelde) do que de mãe e filha. Jin Hee durante toda a narrativa deixa claro que, apesar das brigas constantes com a mãe, ela é sempre sua prioridade. As duas não falam de relacionemos externos, vivem de dependem uma da outra numa relação quase simbiótica e não querem mudar isso.

Eun Mi já com quase 50 anos trabalha como fisioterapeuta, Jin Hee, de 29 anos, tem uma carreira como policial. Nem mesmo o aparecimento do pai biológico muda a conexão entre mãe e filha. Mais do que falar dos desafios da maternidade enfrentados por uma jovem num país conservador e machista como a Coreia do Sul, o drama traz temas atuais e sensíveis como a violência contra as mulheres, a opção por uma vida de solteira, tanto da mãe quanto da filha e o próprio conceito de família, já que as duas tiveram que construir uma família não parental, ao longo de sua trajetória. Amigos que as colheram ganharam um status de família enquanto que aqueles com os quais Jin Hee compartilha laços consanguíneos são pessoas completamente estranhas à sua realidade.

Esta parte, em especial, foi que me prendeu à trama e me fez levantar questões com relação ao conceito que temos e que reproduzimos mesmo que inconscientemente de família. Acredito que, dentro da realidade sul coreana, esse debate seja ainda mais acalorado, uma vez que essa sociedade se alicerçou dentro de uma filosofia confucionista, baseada no dever fundamental dos filhos cuidar e obedecer aos seus pais e honrar os ancestrais. 

O respeito pela autoridade e pela autoridade familiar também é uma característica importante do confucionismo. Uma família hierarquizada em todos os sentidos. Muito diferente do núcleo familiar criado por Kim Eun Mi e sua filha. Enfim, para quem tiver interesse numa história engraçada e, ao mesmo tempo comovente, eu recomendo. Este drama está disponível no VIKI para assinantes, mas acredito que pode ser encontrado gratuitamente nos fansubs.

 

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