segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

COMO ENCONTRAR FONTES NA INTERNET PARA AULAS DE HISTÓRIA

Com o advento da internet as aulas e história começaram a mudar, também. Até o final do século XX o professor contava apenas com recursos como livro didático e alguns paradidáticos para poder trabalhar. Em escolas menores e de periferia acesso a livros e a uma bilbioteca era limitado, isso quando não era inviável (e até hoje permanecesse assim em muitas cidades). Havia a possibilidade do uso de jornais e revistas quando se tratava de conteúdo mais recente ou quando se publicavam especiais sobre eventos históricos. O/a professor/a recortava as notícias e as utilizava em sala de aula. No entanto, as fontes mais antigas ficavam em bibliotecas e arquivos muitas vezes longe do acesso de professores/as, principalmente daqueles/as que trabalhavam em cidades do interior.

Mas o século XXI trouxe novas possibilidades. Atualmente, no campo digital temos espaços destinados a ser repositórios de estudos (artigos, dissertações, teses) e de fontes diversas, de periódicos a fontes imagéticas, além de canais destinados a produzir conteúdo sobre história (sobre estes canais, presentes no Youtube, por exemplo, vou falar em outra postagem). As bibliotecas estão digitalizando seus acervos e criando hemerotecas digitais[1].

Atualmente é possível acessar informações, bancos de imagens e documentos de diversas partes do mundo e usá-los para montar aulas e atividades. O livro didático, na minha opinião, está se tornando um objeto de apoio secundário para professores e professoras que começaram a investir em produzir conteúdo a partir de fontes.

Nas hemerotecas e nos sites criados para abrigar documentos dos mais diversos é possível conseguir um rico material que pode ajudar a compor uma aula, complementar informações ou mesmo ser vir de base para projeto, inclusive projetos interdisciplinares. Recentemente eu li alguns artigos com relatos de experiências em sala de aula utilizando documentos como cartões postais e cartazes, retirados de repositórios de documentos.

Eu, por exemplo, frequentemente visito repositórios e hemerotecas. Encontro muito material interessante sem sites de bibliotecas universitárias, de bibliotecas nacionais e internacionais. Já tirei material para compro slides que preparei para minhas aulas com alunos do fundamental e médio e, inclusive, já usei a hemeroteca da Biblioteca Nacional para um projeto de pesquisa com alunos do oitavo ano do ensino fundamental, que resultou numa pequena publicação impressa, sobre a história local. E isso foi em 2014, há 10 anos atrás. De lá pra cá não apenas aumentaram as fontes como, também, a possibilidade de trabalhar diversos temas.

É trabalhoso, mas prazeroso, principalmente quando se domina as ferramentas de busca e gente aprende a localizar o material que precisamos. Até mesmo o idioma deixou de ser um problema, pois os navegadores têm ferramentas de tradução automática que permite o professor/a visitar e colher material em sites com idiomas estrangeiros. Eu já usei documentos retirados da Gallica, a hemeroteca digital da Biblioteca Nacional da França, do site da Biblioteca da Sorbone, da Hemeroteca de Lisboa e de sites de bibliotecas universitárias de outros países. É uma experiência de aprendizagem tanto para os estudantes quando para os/as docentes, pois permite que se saia do lugar comum.

Trabalhar povos indígenas a partir de documentos históricos colhidos de uma hemeroteca ou uma bilbioteca, analisar o imperialismo e as guerras mundiais por meio de imagens, acessar revistas e jornais publicados há mais de 100 anos e retirar deles documentos para serem analisados durante uma atividade em sala de aula ou mesmo uma avaliação. Há muitas possibilidades de incluir ao material didático já utilizado conteúdo inédito.

Eu particularmente acredito que o professor é o melhor material que a escola pode oferecer. Infelizmente ele/a precisa ser lembrado/a disso constantemente. Por isso muitas vezes ele acaba se acomodando e limitando sua aula ao livro didático. Assim como os estudantes, professores também precisam ser estimulados a tirar o melhor de si. Isso, inclusive é algo importante para a saúde mental dos docentes, prejudicada pela pressão sofrida diariamente nas escolas, pelo assédio de pais e de alunos, que parecem não entender os limites para o trabalho docente e nem sempre reconhecem seu valor. O sentimento de realização e descoberta pode ajudar a superar estes obstáculos, cada vez mais presentes no nosso dia a dia.

Vou deixar aqui algumas indicações de sites de bibliotecas e hemerotecas que podem ser úteis para quem quiser se aventurar e buscar novos materiais para trabalhar em sala de aula. Você professor que já está na docência há muitos anos e ainda não se arriscou a trabalhar com outros materiais, não é tão complicado assim. Aos professores mais jovens, creio que a experiência pode ser enriquecedora e estimular outras atividades e até projeto de iniciação científica. Vamos tentar?

Alemanha

- Biblioteca Nacional Alemã

Brasil

- Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

- Hemeroteca Digital Santista

- Hemeroteca Digital do IHGG

- Hemeroteca Digital Catarinense

- Biblioteca Digital do Estado de Minas

Canadá

- Biblioteca Pública de Toronto

- Fundação Japão Toronto

- Biblioteca de Quebec

China

- Biblioteca Nacional da China

Coreia do Sul

- Biblioteca Nacional da Coreia

Espanha

- Biblioteca Digital Hispânica

Estados Unidos

- Biblioteca do Congresso

- Biblioteca Digital de Minnisota

França

- Gallica – hemeroteca digital da Biblioteca Nacional da França

- Biblioteca da Universidade de Sorbonne

Japão

- Fundação Japão

- Biblioteca Nacional

Portugal

- Hemeroteca digital de Lisboa



[1] Hemeroteca é um setor das bibliotecas onde se encontram coleções de periódicos como jornais, revistas e outras obras editadas em série

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