domingo, 29 de junho de 2008

A cada dia, uma nova descoberta...

Tenho pesquisado bastante nas última semana, aproveitando que a afobação do seminário sobre quadrinhos acabou e eu tive um pouco mais de tranquilidade para me ater a outros assuntos. Junto com a prof. Lucilene tenho encontrado informações muito preciosas nas poucas fontes de pesquisa à qual temos disposição. Diria que temos feito boas descobertas, outras nem tão boas assim. Descobrimos, por exemplo, que os livros de registro de óbitos - fonte riquíssima de informações sobre a população da cidade, doenças, etc - praticamente perdeu-se no incêndio da prefeitura, ano passado. Restaram, agora, apenas registos relativamente recentes, de 1965 em diante.

Por outro lado, muitas curiosidades sobre Leopoldina tem aflorado. Uma, que me chamou atenção foi o fato da cidade ter tido, no ano de 1916 um RINK de patinação. Ora, qual foi minha surpresa quando, lendo a Gazeta de Leopoldina estava lá em destaque a inauguração do tal RINK! Se tantas coisas que eu já encontrei referências à cidade esta deve ser uma das mais exóticas. Seguem trechos da Gazeta que faz referência ao Rink.

“Será inaugurado em breves dias, o grande barracão para o rink em nossa cidade – esporte elegante e cultivado nos grandes centros, onde tem adquiro um desenvolvimento colossal”.

(...)

Sabemos que é pensamento dos ilustres diretores do Rink, no dia de sua inauguração, realizar um concurso de patinação, sendo oferecendo ao vencedor um mimoso prêmio.”[1]

“Foi indescritível o entusiasmo da nossa mocidade pelo novo esporte, que sofregamente esperavam, e assim é que, momentos após a inauguração, para mais de 20 jovens, moços e moças, deslizavam sobre o liso assoalho do Rink”.[2]

Para o Rink foi construído prédio próprio que teve que ser ampliado pouco mais de um mês depois, para atender aos usuários. O empreendimento partiu de uma sociedade feito pelos Drs. Costa Velho, Pedro Arantes, Custódio Arantes e Tenente Esdras Lintz, para quem foi oferecido um baile no dia da inauguração pelo Tenente João Chagas.

Caso as famílias dos descendentes destes homens tenham qualquer outra informação, tal como a localização do Rink e, quem sabe, documentos ou fotos, seria muito importante para ajudar a resgatar esta pequena parte da história desportiva da nossa cidade, além de ser uma forma de entender um pouco mais os hábitos dos leopoldinenses, naquele início de século XX.u fotos, seria muito importante para ajudar a resgatar esta pequena parte da hista inauguraçm, e assim pe que, mmentos ap


[1] Rink. Gazeta de Leopoldina, ano XXII, n. 27, 25 de maio de 1916
[2] Rink. Gazeta de Leopoldina, ano XXII, n. 35, 06 de junho de 1916.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Tebas: uma pouquinho da história deste distrito de Leopoldina

Tenho me interessado em recolher informações básicas sobre alguns dos distritos de Leopoldina para, futuramente, quem sabe, poder fazer um estudo realmente aprofundado da sua história. Há muito realmente o que se pesquisar, pois a história do município ainda é um grande mistério. Fazendo uma busca na internet eu tive a sorte de encontrar um site dedicado a Tebas, distrito de Leopoldina desde 1880. Um site muito bem feito e muito bem cuidado, devo acrescentar. De lá tirei as informações que seguem.
O nome do distrito pode ser atribuído a Manoel Joaquim Thebas que foi vizinho da fazenda Feijão Cru, que pertencia a Manoel Antônio de Almeida, que teria vivido na região por volta da década de 1850. Povoado originalmente pelos índios puris, o distrito começou a ser ocupado nas primeiras décadas do século XIX, seguindo a cronologia de ocupação do município de Leopoldina. O povoado foi elevado a distrito pela lei provincial nº 2675, de 30.11.1880. A confirmação eclesiástica veio com a lei nº 2848 de 25.10.1881 que elevou o distrito a Freguesia. E a lei nº 3113, de 1882, registra o nome do distrito como Santo Antônio de Tebas.
A lei que criou o distrito autorizou a câmara municipal de Leopoldina a estabelecer as divisas. Para este fim a câmara nomeou comissão de vereadores que estudaram o assunto e apresentaram parecer, que foi aprovado em plenário com a ressalva apenas de que o nome do lugar passou a ser Santo Antônio dos Thebas, ao invés de Santo Antônio do Monte Alegre como anteriormente era conhecido.
O distrito de Tebas foi constituído por terras antes pertencentes a Leopoldina (sede), Piedade (Piacatuba) e Rio Pardo (atual Argirita). Assim, pela lei nº 2938, de 23.09.1882, algumas fazendas da Piedade foram transferidas para Thebas. Em 06.10.1883 foi a vez de Rio Pardo perder algumas propriedades que passaram para o novo distrito. E em 18 do mesmo mês, através da lei nº 3171, a fazenda de João Pereira Valverde foi transferida de Thebas para a freguesia de Piedade (7). Em 1882 a Lei 3113 instituiu o Distrito Policial em Tebas.

Curiosidades:
- O distrito já teve um jornal. O nº 01 da "Folha de Tebas" circulou em 1918, com noticias variadas, que falavam do cotidiano, dos projetos políticos, da preocupação em dotar o distrito de "força e luz elétricas", coluna social e anúncios classificados que revelam o comércio existente na Tebas da época. E tinha até poesia na primeira página. Dá pra imaginar como era a vida dos tebanos.
- O pai de Noel Rosa, Manuel Garcia de Medeiros Rosa, é filho de Leopoldina, viveu na cidade até os 18 anos e posteriormente passou a viver no Rio de Janeiro. Apaixonado por Marta, filha do casal Eduardo e Rita Corrêa de Azevedo, residentes no Brejo, hoje Tebas, acabou se casando com ela.
- Tebas, tem 2.007 habitantes de acordo com o censo IBGE 2000. Está situada às margens da BR 267, que liga Leopoldina a Juiz de Fora. As principais atividades econômicas são agricultura, pecuária e a fabricação artesanalde doces em compotas e em barras. Visite o site de Tebas e veja a linda galeria de imagens de janelas, clicando aqui.


Fontes:

terça-feira, 3 de junho de 2008

Ginásio Leopoldinense: 102 anos

Hoje a Escola Estadual Professor Botelho Reis, antigo Ginásio Leopoldinense, completa 102 anos. Fundado em 03 de junho do ano de 1906 pelo Dr. José Monteiro Ribeiro Junqueira, o Ginásio Leopoldinense inaugurou um novo período de desenvolvimento em Leopoldina. Ele assumiu espaço dentro do sistema escolar de forma centralizadora, atraindo para si uma clientela seleta, em busca de formação.

Ele eclipsou os demais estabelecimentos locais, de forma que, a partir do final da década de 1910, a expansão do ensino particular em Leopoldina sofreu uma brusca desaceleração. O Ginásio estabeleceu um verdadeiro monopólio sobre o ensino particular em Leopoldina, pois passou a oferecer todos os tipos de cursos, desde o primário ao ensino superior, atendendo a ambos os sexos.

Por outro lado, apesar do aparente êxito, a escola iria encontrar dificuldades em manter o nível do ensino. A falta de professores, o custo com a manutenção da escola, assim como a concorrência por parte de escolas tradicionais, de outras regiões e da própria Zona da Mata concorreriam para o fechamento de alguns de seus cursos e, mais tarde, a venda do estabelecimento, em 1946, para o Bispo Diocesano D. Delfim Ribeiro Guedes. Por outro lado, enquanto funcionou em sua capacidade máxima, a escola serviu a muitos propósitos, alguns deles ultrapassando os limites meramente pedagógicos.

O Ginásio Leopoldinense atuou como organizador de uma sociedade, onde os valores de elite precisavam ser adaptados a um novo mundo. O mito no qual se origina - na medida em que foi concebido como símbolo sobre o qual este mesmo mito político teria uma de suas bases de sustentação - apresenta-se como um paradoxo político dentro de um Brasil que em si estava recheado de contradições.

Com base em um ideário ao mesmo tempo liberal e conservador, Ribeiro Junqueira construiu, junto com o Ginásio, uma possibilidade de agir sobre o pensamento imaginário regional a ponto de criar um símbolo que, talvez, tenha superado todas as suas expectativas. Ao mesmo tempo em que foi criado para atender às elites ele também atendeu às necessidades da cidade, dando-lhe a impressão de progresso e de prosperidade que tanto temia perder.

Na década de 30, ele já não possuía a mesma diversidade e o mesmo teor que lhe foi marcante até 1926. A Escola Normal e a Faculdade de Farmácia e Odontologia, assim como o Ensino Agrícola não mais existiam. No entanto, O Ginásio Leopoldinense foi referência regional ainda por muitas décadas, mesmo quando encontrava-se em período de decadência. O símbolo resistia enquanto preenchia um espaço dentro do imaginário regional.

Sobre o Ginásio, a Gazeta de Leopoldina escreveu:


“De parceria com o seu illustre irmão Dr. Custódio Junqueira, fundou o Dr. José Monteiro Ribeiro Junqueira, em 3 de junho de 1906, o Gymnasio Leopoldinense, do qual é, ainda hoje, um dos directores geraes.

Ao tempo dessa grande iniciativa, recebida entre aplausos entusiasticos da população de Leopoldina, prever não se podiam vantagens pecunianas decorrestes do exito da mesma. Ao contrario, o Gymnasio Leopoldinense, por occasião da sua instalação, já em predio proprio, adquirido e adaptdo para tal fim, representava tão sómente uma obra de pura benemerencia.

O benemerito leopoldinense Dr. José Monteiro Ribeiro Junqueira, cujo real interesse pela grandeza e progresso da terra que lhe foi berço havia se affirmado já por elevantados commettimentos, levados a effeito com ingente esforço, realizou mais essa estapa brillantissima, impulsionando por sadio patriotismo, visando, principalmente facilitar a educação da mocidade, esse magnifico viveiro de futuros cidadãos, aos quaes, por uma successão logica e natural das cousas, serão confiados, amanhã, os destinos gloriosos da Patria.

Residia em Leopoldina, então, bom nucleo de homens intelligntes e de solido preparo. Ser-lhe-ia facil congreal-os sob a égide do mandamento de Christo - ite et docete omnes gentes -, interessando-os na grande obra projetada.

(...)

Propulsor maximo do desenvolvimento desse pedaço do torrão mineiro, que muito o quer, que muito o estremece, o dr. Ribeiro Junqueira tornou-se, de há muito, uma individualidade de destacado relevoentre os grandes brasileiros e os maiores servidores da Patria. E melhor estalão não podiamos ter para cortejar o seu extraordinario valor moral, do que esse monumento do saber, que é o Gymnasio Leopoldinense, sua creação, producto do seu amor á santa causa do ensino.”[1]


[1] REIS, José Botelho (dir.) Ementário do Ginásio Leopoldinense. Leopoldina, 1925, p. IV-V.